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Mesmo com riquezas, um homem humilde, que vivia em estado de pobreza e era amante dos acordos de paz. Conhecido em sua tribo pelos nomes de Al-Amin (o confiável) e As-Sadiq (o sincero), que tinha uma vida de servidão total a Allah (Deus). Essas são algumas definições sobre o profeta Muhammad, também conhecido por Mohammed ou Maomé, principal profeta do islamismo.
É desta forma que buscam viver os muçulmanos e é a imagem que a Mesquita Islâmica do Litoral Paulista, em Santos, passa para os frequentadores e visitantes. Sempre seguindo a figura ilibada do Mensageiro de Deus.
“A gente tem que procurar fazer o melhor que a gente pode aqui para poder, pelo menos, almejar ter uma vida espiritual positiva”, explicou a secretaria da mesquita, Layla Vasques Sati.
Segundo o calendário islâmico, estamos no ano de 1436. A religião prega o respeito pelas outras duas grandes religiões monoteístas - o cristianismo e o judaísmo, e surgiu em uma época onde acreditam que os conceitos haviam sido abandonados e que as pessoas precisavam resgatar os valores da Palavra de Deus.
O Profeta era órfão. O pai faleceu antes de ter nascido e a mãe morreu quando ele tinha seis anos. Foi criado pelo tio, Abu Talib. Gostava de se enclausurar na caverna de Hira por diversas noites. Aos 40 anos, recebeu uma revelação divina, diretamente do anjo Gabriel. Analfabeto, não sabia ler a mensagem passada pelo anjo, mas contou a ajuda de um escriba para decifrá-la. A partir deste momento, teve início a missão de levar a Palavra.
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Por ser respeitado e querido, Muhammad recebia diversos presentes e riquezas, mas destinou tudo para a sua comunidade. “Quando se fala em sheik, hoje, pensam naqueles milionários do Qatar. Mas a palavra significa velho, respeito. Por Muhammad ter sido digno de ter recebido essa inspiração divina, ele era uma pessoa que recebia muitos presentes. Mas tudo que ele recebia era usado na causa de Deus. Naquela época se comprava muitos escravos para dar a alforria. O primeiro orador do Islã era um negro e ex-escravo. Ele que ficava nas torres e gritava para chamar as pessoas para a oração. Naquela época, as meninas que nasciam eram enterradas vivas e Muhammad recebeu ordens do anjo para que isso parasse. As mulheres não tinham direito a herança naquela época e foram trazidos vários benefícios nesse sentido. Tudo que ele recebia era em benefício da comunidade islâmica para que fosse, no futuro, uma grande nação”, contou Layla.
Seguindo o que praticava Muhammad, a mesquita realiza trabalhos para auxiliar em tragédias, não só no Brasil como no mundo. “A gente sempre trabalha como posto de arrecadação. Quando tem crises no País, como enchentes e secas, optamos por trabalhar como ponto de arrecadação. Também já enviamos ajuda a Palestina, ao Líbano. Sempre fazemos esse tipo de trabalho. Também arrecadamos brinquedos, alimentos e roupas”, comentou a funcionária.
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Fora isso, ainda há ajuda a 70 famílias cadastradas na Baixada Santista, com dinheiro e cestas básicas. “No mês do Ramadã, todo mulçumano tem que pagar um tributo de 2% do rendimento líquido do ano todo. Lógico que a mesquita sobrevive de doações. Temos associados, mas associado é quem quer e doa quanto quiser. Serve para custear despesas com funcionários, luz, água e telefone por exemplo. Nesse mês, além das pessoas pagarem o tributo, nós recebemos cestas básicas. Desse dinheiro é dividido para as famílias necessitadas que estão cadastradas, junto com as cestas básicas, sendo mulçumanos ou não”, disse a secretária.
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Layla contou que também há o atendimento a qualquer pessoa necessidade que procure e mesquita.
“Qualquer um que bate a nossa porta pedindo alimento ou roupa, nós costumamos deixar algo para poder dar a elas. Faz parte da religião. Na religião se diz que um sorriso é uma forma de caridade. Você pega uma pessoa deprimida, se sentindo abandonada, dá um sorriso e fala uma palavra de Deus, independente de religião, é uma forma de caridade. Você está dando uma força espiritual naquele momento para aquela pessoa. Tem muitas pessoas que passam por aqui, olham, tocam a campainha para conhecer e começam a desabafar, pedem uma oração. A gente atende da mesma forma. A coisa é bem mais abrangente do que vocês imaginam”.
Mesmo com toda a ajuda, a funcionária comentou que ainda existem casos de preconceito com a fé islâmica, fruto da imagem passada por fundamentalistas radicais pela mídia.
“Na quarta-feira veio um morador de rua aqui e pediu comida. Esquentei a comida, entreguei a ele e disse: ‘Deus te abençoe’. Ele me respondeu que o pessoal fala na rua que nós não gostamos que falem Deus te abençoe. Fora isso, o pessoal tem a mania de falar que mulçumano não gosta de Jesus. Jesus, para nós, é tratado como um dos profetas do Islã. Ele só não é adorado como Deus porque, para o conceito islâmico, não existe trindade. A gente tem o conceito de que Ele é o Criador Supremo e nós somos criatura”.
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Apesar desses casos, Layla definiu de forma simples a satisfação de poder ajudar ao próximo. “Não tem preço. Eu gosto de trabalhar com gente. Aqui, às vezes, entra uma pessoa chorosa e acha que sentiu a presença de Deus e que foi ajudada pela palavra, não tem preço que pague. Eu acho que, enquanto estamos aqui, se pudermos fazer o dia do próximo melhor, está valendo”.
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