Cotidiano

Alckmin descarta repor volume morto até abril

Uma projeção feita pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica revela que o manancial deve encerrar o próximo mês com nível 6% abaixo de zero, ou seja, ainda na reserva profunda

Publicado em 31/03/2015 às 12:27

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Mesmo com as chuvas acima da média em fevereiro e março, o Sistema Cantareira não vai conseguir recuperar totalmente o volume morto até o fim de abril, admitiu pela primeira vez o governo Geraldo Alckmin (PSDB). Projeção feita pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) revela que o principal manancial paulista deve encerrar o próximo mês com nível 6% abaixo de zero, ou seja, ainda na reserva profunda.

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"Poderemos atingir um total armazenado em torno de 420 bilhões de litros, ao fim de abril, 65 bilhões de litros abaixo do 'zero' do volume útil por gravidade", afirmou o superintendente do DAEE, Ricardo Borsari, em ofício encaminhado ao presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, no dia 20 deste mês.

O volume de água é o mesmo registrado em 21 de agosto do ano passado. Os dois órgãos são responsáveis pela gestão conjunta do Sistema Cantareira.

O manancial, formado por quatro represas, tem 1,47 trilhão de litros, dos quais 982 bilhões fazem parte do volume útil, porque ficam acima do nível dos túneis de captação e podem ser retirados por gravidade, e 485 bilhões, do volume morto, que só podem ser captados por bombas.

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Destes, 287,5 bilhões de litros foram liberados em duas cotas para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) abastecer a região metropolitana, onde 5,6 milhões de pessoas ainda dependem da água do sistema.

Mesmo com as chuvas acima da média, o Cantareira não vai conseguir recuperar totalmente o volume morto até o fim de abril (Foto: Vagner Campos/ A2 FOTOGRAFIA)

Na segunda-feira, 30, o Cantareira operava com 18,9% da capacidade, segundo a Sabesp, que inclui as duas cotas do volume morto no cálculo. Na prática, contudo, o nível estava em -10,4%, se considerada a quantidade de água da reserva profunda usada como negativo, como quer o Ministério Público Estadual (MPE). No sábado, o Estado mostrou que o sistema tem atualmente 57% menos água do que há um ano, déficit de 243 bilhões de litros.

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O documento faz parte das negociações entre a ANA, do governo Dilma Rousseff, e o DAEE, do governo Alckmin, para definir a retirada de água do Cantareira. Por causa das discordâncias entre os órgãos, desde 15 de março o manancial é operado pela Sabesp sem uma regra estabelecida.

O presidente da agência federal quer definir uma metodologia de operação e metas futuras de armazenamento até 30 de novembro.

No ofício, Borsari diz que a projeção considera a manutenção das atuais condições de entrada de água (60% das médias mensais históricas) e retirada (10 mil litros por segundo), como ocorre desde fevereiro. Neste cenário, o volume morto só será recuperado no dia 22 de julho, segundo o simulador lançado em janeiro pelo Estado.

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Justiça

Em ação civil movida em 2014, o MPE pede que os gestores do Cantareira e da Sabesp operem o manancial para que ele chegue ao fim de abril com 10% positivos, mesmo índice registrado em 30 de abril do ano passado. O governo Alckmin afirma que essa meta é impossível de ser atingida.

Após duas liminares terem sido concedidas e depois derrubadas pela Justiça, o juiz federal Wilson Zauhy Filho decidiu, na semana passada, suspender o processo até o dia 11 de maio, quando o DAEE se comprometeu a entregar, em juízo, os estudos da proposta que será feita pela Sabesp para a renovação da outorga do Sistema Cantareira e as respostas às propostas feitas pela ANA para a gestão do manancial durante a crise. 

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