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O advogado Francisco Savoia, defensor dos irmãos Tiago e Igor Guerra, que foram presos com mais nove pessoas supostamente envolvidas no sequestro das duas filhas do presidente da Câmara de Cubatão, Wagner Moura (PT), não menospreza o trabalho de investigação da Polícia, mas afirma que seus clientes são inocentes no caso.
"Eles não têm ligação com o sequestro. Há, contra ambos, somente indícios em razão de eles apenas terem contato com um dos envolvidos, que possui empreiteira de mão-de-obra na construção civil. Os irmãos são ajudantes de obra e a ligação detectada pela Polícia foi de Tiago fazendo contatos para pegar um serviço", explica Savoia, dizendo que Igor não tinha contato com o empreiteiro.
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O advogado revela que, na ligação entre o empreiteiro e Tiago, foi revelada a aquisição de 42 sacos de cimento que, para a Polícia, seria uma espécie de código em relação a R$ 42 mil oferecidos por Wagner Moura para libertar as filhas. "Vou pedir a perícia de voz para provar que Igor nada tem com o caso. Quanto a Tiago, vou provar que há somente indícios e não provas contundentes", conta o advogado, acreditando que a mulher de Tiago e a mãe de ambos também são inocentes.
Tiago e Igor Guerra estão presos temporariamente, enquanto a Polícia reúne provas. "A Polícia não agiu de forma equivocada, pois conseguiu capturar as vítimas com vida, mas a investigação está apontando para 10 pessoas e muitas estão sendo presas injustamente", finaliza o advogado, que não descarta a possibilidade de pedir uma indenização ao Estado caso fique provado que seus clientes não tinham nenhuma relação com o sequestro.
Ligações
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Conforme já revelado, as prisões dos 11 suspeitos foram feitas por intermédio de interceptações telefônicas. Oito dos acusados foram detidos na madrugada do último dia 15, enquanto outros dois foram capturados antes da libertação das vítimas. As jovens, de 21 e 16 anos, foram libertadas na tarde do último dia 13, na Via Anchieta, mediante pagamento de um resgate no valor R$ 202.000,00. Durante a operação que culminou nas prisões os policiais recuperaram R$ 54.350,00.
De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior-6 (Deinter-6), Aldo Galiano Júnior, o grupo criminoso tinha duas ramificações. Uma delas foi responsável somente pelo arrebatamento, enquanto a outra realizou as negociações e manutenção do cativeiro, que ficava em uma área de mata fechada na Serra do Mar.
O acusado de líder da quadrilha, que esteve à frente das negociações com Moura, é o empreiteiro de obras Rinaldo Marinho de Lima, o Baiano, um dos presos na operação. Acreditando que Moura estava de posse de vultosa quantia em razão da venda de um imóvel pela sua corretora, o bando planejou o sequestro com a intenção de extorquir R$ 1 milhão da vítima. Nos três primeiros telefonemas, esse valor foi exigido sob a ameaça de mandar parte dos corpos da vítima como prova de vida.
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No quarto telefonema, os sequestradores reduzem a exigência para R$ 500 mil. O quinto e último telefonema ocorreu no dia 12, quando foi acertado o resgate em R$ 202.000,00. Essa ligação partiu de Santa Bárbara d´Oeste, na Região de Campinas.
O dinheiro do resgate foi deixado em uma lata de lixo na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, em Mongaguá, por volta de 4h30 do dia 13. Conforme o diretor do Deinter-6, os acusados pretendiam fazer um churrasco para dividir o dinheiro do resgate.
Após o pagamento, as interceptações telefônicas possibilitaram a identificação de quase toda a quadrilha, já que o número de contatos entre os criminosos aumentou. "O que possibilitou o sucesso dessa operação foi eles marcarem encontros entre eles".
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Cabo eleitoral
Ex-cabo eleitoral do presidente da Câmara de Cubatão, Wagner Moura (PT), Wilson dos Santos, o Neco, de 44 anos, foi preso na tarde de ontem pela Polícia Civil, acusado de ser o 11º envolvido no sequestro de duas filhas do parlamentar.
Neco é apontado pela Polícia como o suposto mentor do delito que durou 38 dias. Ele é pai de Erick Mateus Santana dos Santos, o Cueca, acusado de ser um dos três participantes do arrebatamento das duas jovens, em 6 de junho.
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Segundo o delegado Aldo Galiano Júnior, diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior-6 (Deinter-6), Neco e Wagner Moura romperam relações profissionais devido a um atrito no primeiro semestre. Em uma sessão plenária da Câmara de Cubatão, cerca de duas semanas antes do sequestro, Neco teve um desentendimento com Moura, houve tumulto e seguranças o retiraram da sessão.
Conforme Galiano Júnior, Neco teria chefiado a ramificação do grupo criminoso que fez o arrebatamento das duas vítimas. Na sequência, o ex-cabo eleitoral teria providenciado o repasse das vítimas para a outra ramificação, responsável pela manutenção do cativeiro e negociações exigindo o resgate.
Solturas
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Duas acusadas de envolvimento no sequestro, capturadas durante operação, foram soltas com aval do Ministério Público (MP) e da Justiça, por terem colaborado com as investigações, mas continuam respondendo pelo crime. São elas as irmãs Jacilene Nogueira Clementino e Jacira Nogueira Clementino. A primeira é mãe de Karina Clementino da Silva, que permanece presa e é namorada de Tiago Guerra.