Cotidiano

Acidente na Anchieta mostra a urgência de soluções logísticas para o Porto de Santos

Caos gerado por queda de passarela na rodovia alerta para o óbvio: o Sistema Anchieta-Imigrantes não suporta mais o alto fluxo de veículos

Luana Fernandes

Publicado em 14/03/2025 às 17:37

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Rodovia Anchieta ficou 'travada' por mais de 12 horas por conta de queda de passarela na altura de Cubatão / Renan Lousada/DL

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Não vai ser a primeira nem a última vez que um acidente no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) trava a ligação entre São Paulo e o Litoral. Desta vez, um caminhão derrubou uma passarela, interditando as pistas norte e sul da Rodovia Anchieta. O incidente, que aconteceu por volta das 20h desta quinta-feira (14), fez com que motoristas e passageiros enfrentassem um congestionamento de quase 15 horas.

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Segundo testemunhas, o motorista desceu do veículo para verificar um problema, mas o caminhão andou sozinho até bater nas colunas de sustentação da passarela (veja imagens exclusivas). O estrondo causado pela queda da passagem assustou os moradores do bairro Fabril que moram próximos à rodovia.

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O acidente - que aconteceu no Km 52 da Anchieta - gerou um congestionamento de quase 30 km, que só foi amenizado por volta das 6h da manhã, quando a pista norte da via foi liberada. A pista sul só foi aberta por volta das 9h. Mesmo assim, durante todo o dia, o SAI permaneceu com pontos de tráfego travado e lento. 

Quais problemas o acidente gerou?

Assim como em outros casos, o acidente no Km 52, interditando dos dois lados da Anchieta, em um horário de pico para caminhoneiros e trabalhadores que transitam entre São Paulo e o Litoral, gerou um caos. Passageiros e motoristas ficaram até 15 h parados no SAI aguardando a liberação que só aconteceu pela manhã desta sexta-feira (14).

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Além disso, o congestionamento também causou atrasos na logística do Porto de Santos. O agendamento de caminhões entrou em plano de contingência, segundo a administração portuária. Os motoristas não conseguiriam cumprir os horários estabelecidos, por conta do acidente.

O contingenciamento permanece até a normalização do fluxo de veículos. Os terminais portuários estão recebendo os caminhões fora do agendamento, dando fluidez ao trânsito nas vias portuárias.

Ainda segundo a Autoridade Portuária de Santos (APS), o Porto não parou suas operações em decorrência do acidente. Os pátios reguladores de caminhões, em Cubatão, abasteceram os terminais de grãos durante a madrugada e parte das cargas conteinerizadas que se encontravam nos terminais Redex da Baixada Santista continuaram a ser movimentadas pelos terminais.

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Não foi a primeira vez

Em 2013, há exatos 12 anos, um intenso temporal devastou cidades do Litoral de São Paulo. Uma das mais atingidas foi Cubatão, que margeia as rodovias do SAI. A tragédia aconteceu em 22 de fevereiro, deixou centenas de desabrigados e uma pessoa morta em um desabamento na Rodovia dos Imigrantes.

Este incidente paralisou o trânsito por mais de 15 horas. Motoristas e passageiros ficaram presos nos trânsitos, enfrentando assaltos, alagamentos e falta de comunicação. Moradores de vários bairros da região ficaram ilhados e sem energia elétrica. Naquela época, já se falava da necessidade de soluções urgentes para quem acidentes como este não paralisasse o sistema, porém, pouco foi feito desde então.

Autoridades pontuam soluções urgentes

30 km de congestionamento causados por uma passarela caída na rodovia coloca em evidência a necessidade de soluções urgentes para “desafogar” o fluxo de veículos entre São Paulo e o Litoral. Autoridades e políticos da região debatem possíveis “alívios” para o Sistema Anchieta-Imigrantes.

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APS já tem cronogramas para novas obras 

Anderson Pomini, presidente da APS, ressaltou a importância de projetos como a criação de uma terceira rodovia entre as regiões e também pátios reguladores na poligonal do Porto de Santos.

Para ele, o acidente “chama atenção para obras essenciais para a logística brasileira, principalmente, no Porto de Santos. Primeiro, uma terceira pista que conecte o Planalto ao Porto de Santos. O projeto já iniciou, uma iniciativa do Governo do Estado em parceria com todos os operadores portuários”. Segundo Tarcísio de Freitas, o projeto da terceira pista da Imigrantes já está em fase de planejamento e deve receber um investimento superior a R$ 6 bilhões.

Pomini ainda afirma que a APS está atenta e já com cronograma ativo para a criação de novos pátios nos próximos anos. “Essas obras são essenciais para que acidentes como este não pare o maior equipamento de infraestrutura do País, que é o Porto de Santos”.

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Frente Parlamentar quer liberação de descida pela Imigrantes

O “problemão” gerado pela queda da passarela também fez com que os deputados eleitos da Região se organizassem. Na tarde desta terça-feira (14/3), a Frente Parlamentar em Defesa da Baixada Santista, Vale do Ribeira e Litoral Norte realizou uma reunião online para debater soluções para os problemas enfrentados na Rodovia Anchieta em casos de acidentes graves. O encontro contou com a participação da deputada Solange Freitas (União Brasil), do deputado Caio França (PSB), do deputado Tenente Coimbra (PL) e do deputado Paulo Correa Jr. (PSD).

Durante o encontro ficou definida uma nova reunião da Frente na próxima terça-feira, dia 18 de março, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), com a participação de representantes da Artesp e da Ecovias. “Estamos trabalhando juntos para encontrar uma solução efetiva. Não podemos permitir que situações como essa voltem a acontecer”, pontuou Solange Freitas.

Os parlamentares destacaram a necessidade urgente de criar alternativas para situações extremas, como o recente acidente que paralisou a rodovia e deixou milhares de pessoas presas no congestionamento por horas. A deputada Solange Freitas, que acionou a Frente Parlamentar, destacou que a concessionária Ecovias deveria ter um ‘plano de fuga’ dos ônibus e caminhões para descerem pela Imigrantes em comboio, nos casos em que as duas pistas da Anchieta ficam inoperantes.

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Ônibus e caminhões não são permitidos na descida da Imigrantes por segurança. Estudos feitos pela Ecovias, em parceria com a USP, apontam para problemas na frenagem de veículos por conta da declividade da via. A Rodovia dos Imigrantes tem 6% de declive.

Rodovia esquecida ligaria planalto ao Litoral em 30 minutos 

Outra solução viável é uma nova ligação entre o Planalto e o Litoral sul de São Paulo. É o que defende o prefeito de Itanhaém, Tiago Cervantes (Republicanos). O acidente trouxe à tona uma antiga discussão sobre a construção da Rodovia Parelheiros-Itanhaém, que ligaria a capital ao Litoral Sul em apenas 30 minutos e desafogaria o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI). 

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