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Rua Carlos Menezes da Conceição, 150, bloco A, casa dois, Parque dos Sonhos. Este é o novo endereço do pequeno Gabriel - terceiro dos quatro filhos de Janeide Santos da Conceição, portador de Síndrome de Down, autismo e cego em função de um acidente ocorrido no fatídico dia 7 de agosto do ano passado.
O drama da família que morava em um barraco insalubre e inadequado para o menino no bairro da Água Fria, contado pelo Diário do Litoral em 31 de maio deste ano, na matéria 'Em Cubatão, mãe suplica: “Eu preciso de ajuda', acabou na última quinta-feira, dia 22, dia que todos entraram na nova residência, completamente diferente da anterior.
A casa nova é térrea, com quintal, três dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, minimizando o sofrimento do menino Gabriel, cuja vida virou um verdadeiro martírio em função de uma queda ao sair do ônibus após uma consulta no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos.
Janeide e o marido, José Pierri, assinaram o contrato com a CDHU, do Governo do Estado, permitindo a aquisição de uma nova moradia no Conjunto Habitacional do Bolsão Nove, no mesmo município, confirmando o que já havia sido anunciado pela gerente de Ações de Recuperação Urbana do CDHU, Walkyria Marques de Paula, na segunda reportagem, 'Viabilizada pela CDHU, menino deficiente e família terão nova casa', publicada em 10 de junho passado.
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“É vida nova. Tudo que eu mais queria. O Gabriel é só alegria e já explorou tudo. Temos até duas pequenas áreas nos fundos para nossos cachorros. Em breve, será inaugurada uma praça em frente à casa e minhas crianças vão estudar na escola ao lado”, disse Janeide, com um sorriso largo, apontando para o colégio que fica a cerca de 30 metros da nova residência.
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Gabriel não ganhou apenas um lar adequado às suas necessidades. “A Prefeitura de Cubatão proporcionou a ele uma escola especial, no Centro de Cubatão, em que uma professora cuida dele, e um ônibus para buscá-lo. Ele também vai iniciar um tratamento no Lar das Moças Cegas, em Santos”, afirma Janeide.
O marido de Janete também não escondia o entusiasmo. “Foi a melhor coisa que aconteceu para minha família. Só a certeza de dar um conforto maior para minha esposa e meus filhos já valeu a minha vida. Onde morávamos, não havia segurança. Aqui, até ônibus para eu trabalhar tenho na porta”, afirma José Pierri.
Drama
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Quem vê a família feliz, arrumando a casa nova e cheia de planos não tem a menor noção do verdadeiro calvário de Janeide, iniciado após a queda do ônibus, por estar cansada em função dos cuidados com o filho especial. Ela não percebeu que o motorista parou um pouco à frente do ponto, onde havia uma guia rebaixada de garagem. Ao tentar desembarcar, Janeide não atentou à distância entre o último degrau do ônibus e o chão, caindo com Gabriel.
Após ter sido atendida no Hospital Municipal de Cubatão, Janeide ligou para a empresa com objetivo de buscar responsabilidades sobre o acidente, mas não obteve retorno. Uma tomografia em Gabriel não teria detectado nada de anormal. Porém, 48 horas depois, Janeide percebeu que um dos olhos de Gabriel começou a inchar. O menino ficou estrábico e, em um novo exame, foi diagnosticado traumatismo craniano leve.
Em setembro de 2012, Gabriel perdeu totalmente a visão. “Descobri sozinha ao ver Gabriel enfiar a mão dentro de uma panela”, contava a mãe, demonstrando, por intermédio da expressão facial, o momento mais difícil de sua vida.
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Após uma bateria de exames, os médicos nada detectaram em Gabriel, que já se recusava a andar, talvez por não conseguir enxergar. “Ele passou a colocar a mão na cabeça e fazer gestos como se estivesse sofrendo uma dor intensa. O médico dizia que não era nada, mas uma mãe conhece quando seu filho está sofrendo”, contou Janeide.
Depois de várias idas e vindas a convênios, hospitais, ambulatórios e outros equipamentos de saúde da região, sempre em busca de respostas para o problema de Gabriel, Janeide seguiu, com poucos recursos, ir para São Paulo (Capital), onde só encontrou alento na Universidade Paulista de Medicina.
Após três dias dentro do hospital-escola, Janeide ouviu que Gabriel corria risco de morte por ser diagnosticado com um tumor no cérebro, em que a perda da visão teria sido, até então, a última consequência. Na ocasião, os médicos disseram que era preciso uma operação urgente em Gabriel. “A cegueira de meu filho poderia ser evitada, caso houvesse um diagnóstico logo após o acidente”, completava Janeide, em reportagem do DL.
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