O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) pode ficar inelegível por mais de 30 anos / Carolina Antunes/Agência Brasil
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Há uma máxima no jornalismo de que se uma pessoa diz que está chovendo e outra diz que não, o trabalho do jornalista não é dar voz a ambas, mas abrir a janela e ver se está chovendo.
Por isso, não dá para entender uma recente pesquisa da Datafolha, reproduzida pela Folha S.Paulo, dando voz à versão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de que será candidato em 2026, visto que está inelegível até 2030. Os entrevistados foram induzidos a opinar se ele deveria ou não desistir de uma candidatura que sequer existe.
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Qual o interesse público numa pesquisa em que é mais do que sabido que o cidadão mente que pode ser candidato sem poder ser? Qual a razão para uma reportagem no mesmo sentido senão para confundir ou ganhar o famoso clique, tão importante hoje em dia para que a mídia tradicional se mantenha competitiva no mundo virtual do entretenimento?
Os leitores da Folha sabem que Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023, pela prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação e atacar o Tribunal na tentativa de ter ganhos eleitorais.
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Sabem ainda que Bolsonaro busca, sem chances e no grito, reverter a decisão judicial que constatou uso da estrutura da Presidência da República e do cargo para promover uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada.
Além da inelegibilidade, o caso foi enviado à Procuradoria-Geral de Justiça para eventuais providências na área penal e ao Tribunal de Contas da União em razão do uso de bens e recursos públicos com desvio de finalidade.
Mesmo assim, ele afirma que irá se registrar como candidato nas eleições presidenciais do próximo ano e a Folha e parte da mídia não ‘abrem a janela para ver se está chovendo’.
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Bolsonaro ainda é réu em processo criminal acusado de Golpe de Estado; Abolição violenta do Estado Democrático de Direito; Organização criminosa; Dano qualificado ao patrimônio da União e Deterioração de patrimônio tombado. Cinco crimes cujas penas somadas superam 40 anos.
Voltando ao ponto inicial, que tal a Datafolha realizar uma pesquisa para saber se a terra é plana. Ou se rezar para pneu garante intervenção militar. Ou ainda, se apontar celular para o céu para pedir ajuda extraterrestre muda eleição. Para isso, basta ouvir a versão que está chovendo e outra que não, certo?