Contraponto
Sindest alerta que o calor excessivo tem causado problemas em sistemas de ar-condicionado de vários departamentos municipais
Na Câmara, os servidores têm trabalhado em circunstâncias bastante desfavoráveis / Rodrigo Montaldi/Arquivo DL
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Santos se vangloria de ter sido pioneira no combate aos impactos das mudanças climáticas. A cidade tem até um Plano Municipal de Ação Climática (PACS). No entanto, discursos e intenções à parte, parece que os poderes Executivo e Legislativo parece desatentos para o básico.
Com o calor intenso que está fazendo, chega a ser tragicômico que o Sindicato dos Servidores Estatutários Municipais de Santos (Sindest), além de se preocupar com aumento de salários e ganhos trabalhistas, tenha que alertar que o calor excessivo tem causado problemas em sistemas de ar-condicionado de vários departamentos municipais, deixando o pessoal em ambientes insalubres.
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Na Câmara, os servidores têm trabalhado em circunstâncias bastante desfavoráveis. O equipamento vem funcionando apenas de manhã, com pane à tarde e à noite. Os diretores defendem até a dispensa dos funcionários à tarde, quando a situação se agrava.
Outro detalhe na cidade que possui o tal plano: Foi preciso um movimento da sociedade civil, como o Santos Mais Verde, para conscientizar sobre a necessidade de áreas verdes no município para diminuir o efeito estufa. Na sombra, a sensação térmica é de mais de 40 graus. A Rua General Câmara, no Centro, é bom exemplo.
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Embora ainda exista áreas verdes nos morros e na área continental, a população tem pouco acesso. Na área insular, o refúgio é somente o jardim da praia. Nos bairros da linha do VLT para trás, os moradores são alijados de praças ou áreas verdes.
Ano passado, o vereador Benedito Furtado (PSB) até postou em suas redes sociais a necessidade da Secretaria Municipal do Meio Ambiente elaborar e pôr em prática um plano humanizado de arborização das vias públicas. Ficou falando sozinho.
O arquiteto-urbanista José Marques Carriço não se cansa de alertar que bairros da Zona Noroeste praticamente não têm árvores por conta das calçadas estreitas. Que loteamentos feitos lá para fins habitacionais também não contemplaram árvores.
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E ainda que o Campo Grande, bairro com a maior densidade demográfica da Cidade, não tem uma praça sequer, que Boqueirão perdeu duas e que a Ponta da Praia foi planejada sem paisagismo arbóreo.
“Não dá mais para se pensar igual às décadas de 60 e 70. Nossa mente tem que estar voltada para os efeitos climáticos e trabalhar um plano de mobilidade que contemple árvores e calçadas ecológicas”, disse um dia Carriço.
Que nem Furtado, o urbanista parece falar para autoridades cegas e surdas, cuja maior preocupação parece ser o Baile Oficial de 479 anos de Santos.
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