Na briga entre o mar e o rochedo, quem apanha é o marisco cubatense

É comum que os mais humildes sejam sempre as vítimas quando há embates entre poderosos. Em ano pré-eleitoral, então, assuntos que geram grande indignação popular são usados para lá na frente render votos que fazem diferença. E a Baixada Santista é repleta de assuntos indignantes.

O Túnel Santos-Guarujá, por exemplo, é o campeão. Fala-se nisso há mais de 50 anos. Agora, descobriu-se um novo: o pátio de caminhões na Ilha do Tatu, o segundo que pode ser instalado em Cubatão que, só na última semana, se tornou objeto de uma verdadeira batalha eleitoreira sem a presença do povo que, ao final, deveria ser lembrado não só pelo voto.   

Lembrando que a Autoridade Portuária de Santos, desde 2021 (governo do prefeito Ademário Oliveira), vem apresentando a Ilha do Tatu como alternativa mas, só agora, como diz a velha expressão, ‘caiu a ficha’ para alguns parlamentares, sob o argumento de preocupação com os impactos ao meio ambiente e à população. Até o Ademário (que visa uma vaga legislativa) mostrou mais indignação recentemente.   

A briga tem dois lados. De um, o prefeito de Cubatão César Nascimento, e o deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) que, em comitiva esta semana, foram à Brasília oferecer ao Governo Federal uma outra área pertencente ao município com cerca de um milhão de m² para instalação do pátio.

Preferiram pressionar por cima, lembrando que Nascimento já se negou a discutir a questão dentro da Autoridade Portuária de Santos (APS). 

“A área que o município está oferecendo já tem licenciamento. Este projeto da Ilha do Tatu já tem a contrariedade de órgãos como o Ministério Público”, disse Paulo Alexandre. Geraldo Alckmin disse que levaria a alternativa ao ministro dos Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho.                

Ao mesmo tempo, no lado oposto e aqui embaixo, o presidente da APS, Anderson Pomini, e a deputada federal Rosana Valle (PL) estão promovendo, no auditório da APS, uma audiência pública, no próximo dia 26, para debater a proposta de ampliação de áreas de pátio, entre elas a da Ilha do Tatu, defendida pela APS. No horário marcado - 17 horas - a maioria do povo, principalmente de Cubatão, não tem como participar. Mais um discussão palaciana.  

Uma curiosidade: Rosana preside a Frente Parlamentar Mista de Portos Nacionais e Paulo Alexandre a Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos. Será que precisa duas frentes para discutir porto? E o gasto que elas geram ao bolso do brasileiro (a)? Mas isso é assunto para outro dia.      

Outra curiosidade: Tanto Pomini como Nascimento já disseram que recorrerão à Justiça para garantir a vitória na briga do Rochedo com o Mar. No fim, o marisco (o cubatense) - o mais interessado - está há pelo menos há cinco anos sabendo dos golpes pela Imprensa. Não seria interessante uma batalha aberta em área isenta. Poseidon, ajuda aí!!!