Contraponto
Há anos, cerca de 6,5 mil adeptos de religiões afro-brasileiras de 400 terreiros espalhados pela Cidade esperam por um presente da Prefeitura
A estátua foi adquirida com verba pública - custou cerca de R$ 45 mil / Divulgação/Prefeitura de Guarujá
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Há anos que cerca de 6,5 mil adeptos de religiões afro-brasileiras de 400 terreiros espalhados por Guarujá e Vicente de Carvalho esperam por um presente da municipalidade: a instalação da estátua de Iemanjá, a Rainha do Mar, na orla da Praia da Enseada.
No entanto, durante praticamente toda a Administração Valter Suman, bastante influenciada pela religião evangélica, a estátua permaneceu ‘numa caixa’ chamada Complexo Administrativo e Operacional do Município, localizado no Jardim Boa Esperança, como se fosse uma peça indesejada, jogada em um canto da casa.
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No Governo Farid Madi, parece que haverá uma visão mais aberta em relação a diversidade religiosa. No Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, a Prefeitura promoveu um encontro com o Fórum Inter-religioso Municipal (FIRM).
Ao que se sabe, não se falou sobre a estátua, mas o encontro firmou a união para alinhamento de ações conjuntas entre a Prefeitura e o FIRM, com o objetivo de ampliar a conscientização da população sobre a importância da liberdade religiosa. A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania inclusive defende a importância do diálogo entre o poder público e o FIRM para avanços nas políticas públicas.
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A pasta garante que intolerância religiosa é um desafio que precisa ser enfrentado com união e ações concretas. Acredita que a reunião reforçou o compromisso de apoiar iniciativas que promovam o respeito à diversidade religiosa e fortaleçam os direitos humanos em Guarujá.
Dito isso, um voto de confiança deve ser dado diante da falta de tempo hábil para instalar a imagem na orla para os festejos que ocorrem neste sábado. Mas o Governo Farid tem um ano para preparar o presente (a estátua) e entregá-lo em fevereiro de 2026 no suporte de alvenaria na Avenida Miguel Estéfano, na Enseada - muito próximo do Teatro Procópio Ferreira.
Aliás, é prudente fazer isso. A estátua foi adquirida com verba pública - custou cerca de R$ 45 mil, oriundos de uma emenda impositiva do vereador José Nilton Lima de Oliveira (PSB), o Doidão, que morreu em um trágico acidente em 2022.
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Se tem espaço para Praça da Bíblia, para placas de clubes de servir, como Rotary ou Lions, da Maçonaria, também deve ter espaço para a instalação de Estátua de Iemanjá. Caso contrário, ficará provado que Guarujá está sob o manto da intolerância e não existirá fórum que de jeito.