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Vamos conversar sobre o vinho de talha. Pra começar informamos que o nome talha é uma derivação do latim “tinalia”, que significa “vaso de grandes dimensões”. Famoso na região do Alentejo, em Portugal, esta técnica de fabricar vinho remonta a época dos romanos, coisa de dois mil e trezentos anos atrás.
De um modo geral o vinho de talha é um vinho produzido em ânfora de barro, assim, sua fermentação é feita nesses recipientes, ao contrário dos tradicionais tanques de aço ou barricas de madeira.
Seguindo a tradição na produção do vinho de talha, as uvas são esmagadas, as vezes até pelo sistema de pisa, antes de serem depositadas no recipiente. Ai se espera até que a fermentação se inicie naturalmente por meio das leveduras naturais do terroir. Assim que a fermentação começa, as peles e outros restos sólidos da uva e seu cacho, sobem devido ao gás carbônico até a boca da talha. Essa “manta” costuma ser mergulhada pelo menos duas vezes ao dia até o fim da fermentação, quando ela desce para o fundo do recipiente.
Os vinhos brancos e tintos são feitos da mesma forma, sendo comum a mistura dos dois tipos de uva, o que dá origem a um vinho rosé conhecido como “petroleiro”. Uma tradição do vinho de talha ocorre na festa da “abertura das talhas”, que geralmente acontece no dia de São Martinho, celebrado em 11 de novembro.
Interessante é que esta forma, digamos ancestral, tem ganhado folego nos últimos anos, e feito com que muitos produtores resgatem a técnica, que devido a pouca intervenção produz vinhos muito francos, de fruta muito presente e direta. Por outro lado, por causa da talha e ao processo de produção, tendem a apresentar toques ligeiramente minerais e oxidativos.
No mercado já tem aparecido estas opções de compra, se bem que com preços pouco convidativos. Um exemplo é o famoso Rocim Amphora – Vinho de Talha Tinto Doc, que é vendido acima dos trezentos reais.
“As vezes a gente só precisa sentar num canto, abrir um vinho, olhar para o céu, e agradecer”
Autor desconhecido