Repórter da Terra

Seca e fogo ‘queimam’ cana, milho vai virar etanol, e isso impactará carne e leite

Antes mesmo das queimadas que consumiram o Interior Paulista no último final de semana, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) já contabilizava uma quebra de 12,2% na produtividade dos canaviais, na comparação com julho de 2023. Pelos cálculos da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil cerca de 80 mil hectares foram atingidos por incêndios no Estado. A estimativa é que o prejuízo para a safra atual chegue a R$ 500 milhões. Mas, o fogo consumiu a biomassa existente no solo e isso pode impactar, também, a produtividade dos canaviais para a próxima temporada. São Paulo produz metade da cana do Brasil, principal fornecedor mundial do setor.

Resumo: a seca recorde no Interior nos últimos 42 anos já prejudicava a produtividade e, com o fogo, a quantidade de matéria-prima disponível será ainda menor.

Resultado: para atender a demanda por açúcar, as usinas devem reduzir a produção de etanol de cana. E isso abre espaço para o etanol de milho. No acumulado desde o início da safra, a produção do biocombustível à base de milho atingiu 2,78 bilhões de litros, o que representa um avanço de 24,75% na comparação com o mesmo período de 2023.

Com mais milho virando etanol e com o mundo ávido pelos grãos brasileiros, o setor de produção de carnes, de leite e de ovos pode enfrentar um aumento de custos já a partir da primavera.

Frangos, galinhas e suínos são alimentados exclusivamente com milho e soja. Bois e vacas têm a alternativa do pasto, cuja disponibilidade aumenta com a volta das chuvas após o inverno.

Porém, o milho é uma fonte de proteína mais eficiente que o melhor de todos os capins. E proteína no cocho significa mais leite. E engorda mais rápida no caso do gado de corte. Só trigo, cevada, caroço de algodão, canola e sorgo fornecem mais proteína aos animais que o milho.

E existe alguma alternativa para alimentar bois e vacas? Cana triturada no cocho...

Menos cana também significa açúcar mais caro. E o adoçante é matéria-prima básica para diversos segmentos da indústria alimentícia, especialmente de refrigerantes e sucos.

Portanto, as queimadas podem, indiretamente, provocar aumento nos custos para pecuaristas e indústrias de alimentos. E tendem a elevar a inflação.

No final desta cadeia, está você, consumidor... e o seu bolso!

Preço do ‘café’ espresso...

Em alta desde o último trimestre de 2023, os preços do café robusta atingiram patamares recordes reais em março/24. Mas, esse recorde acabou pulverizado com frequência nas últimas semanas. Na segunda-feira (26) o Indicador CEPEA/ESALQ fechou a R$ 1.378,89/saca de 60 kg, maior valor real da série histórica iniciada em novembro de 2001 (deflacionamento pelo IGP-DI de junho/24).

...bate recordes sucessivos...
Na parcial de agosto (até dia 26), o Indicador acumulava alta de 8,5%. E as valorizações sucessivas estão relacionadas à expectativa de oferta mais restrita por parte do Vietnã e às limitações de produção do Brasil, uma vez que a safra 2024/25 do robusta ficou aquém do potencial.

...desde o final de 2023...

Com maior teor de cafeína, o robusta costuma ser a variedade mais usada no tradicional café espresso. Por ser tradicionalmente mais barato, ele também entra na composição dos blends, mistura de grãos com predominância da variedade coffea arabica.

...mesmo com mais...
A produção mundial calculada pelo Observatório do Café com base no desempenho das últimas dez safras registrará um aumento de 15,65%. Em números absolutos, isso significará um salto de 152,4 milhões de sacas colhidas em 2015 para as 176,2 milhões de sacas de 60kg agora. 

... grão na praça
As projeções levam em consideração a soma da produção total das duas espécies de cafés cultivadas no Planeta, o Coffea arabica e o Coffea canephora (café robusta+conilon).

Quer economizar?
A batata-doce rosada foi cotada nesta semana a R$ 2,61/kg na Ceagesp, a maior central atacadista de alimentos in natura da América do Sul. Dados da Seção de Economia da Ceagesp indicam que, na mesma época do ano passado, a batata-doce rosada valia R$ 2,92/kg. Ou seja, em 12 meses, o preço caiu 10,5%. Na comparação mensal, a variação foi de -11,1%.

Ofertas na feira
Abacaxi pérola, coco verde, limão-taiti, mamão formosa, melancia, tangerina murcote, morango, beterraba, cenoura, mandioca, pimentão verde; tomates carmem, pizza d’oro, rasteiro e sweet grape; almeirão pão-de-açúcar, couve-manteiga, moyashi, manjericão, repolho verde e rúcula fecham a semana com preços em queda na Ceagesp.

Filosofia do campo:
“Devia era, logo de manhã, passar um sonho pelo rosto. É isso que impede o tempo e atrasa a ruga...”, Mia Couto, escritor moçambicano.

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