Repórter da Terra
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Julho foi o mês mais quente em toda a história da humanidade, tanto na atmosfera quanto nas águas superficiais dos oceanos. Os dados foram computados e divulgados pelo painel de mudanças climáticas Copernicus, ligado à União Europeia. Somados os sete primeiros meses de 2023, este ano já é o terceiro mais quente desde que as medições começaram a ser feitas pela agência europeia, em 1950. Isso mostra a urgência de esforços ambiciosos para reduzir as emissões globais de gases do efeito estufa, principal causa desses recordes.
E um estudo realizado na Universidade Católica Portuguesa constatou que os impactos das mudanças climáticas são mais amplos do que se imaginava. Durante a conferência “Mudança Climática, Nutrição de Plantas e Produção de Alimentos”, realizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a bióloga Marta Vasconcelos relatou que o aumento na concentração de dióxido de carbono (CO2) pode reduzir o teor de nutrientes em plantas alimentícias.
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Segundo a pesquisadora, com o aumento na quantidade de CO2 na atmosfera, a tendência é que as plantas sintetizem mais carboidratos, como a glicose, no lugar de outros nutrientes indispensáveis para a saúde humana, como proteínas, ferro e zinco. E a expectativa dos cientistas é que a concentração de CO2 siga crescendo, enquanto a humanidade continuar devastando as árvores e consumindo combustíveis fósseis, como gasolina, diesel e carvão.
A cientista fez seu doutoramento com foco na fortificação dos alimentos, com a inclusão de maiores teores de ferro no arroz e nas leguminosas, como feijão, grão-de-bico, lentilha e ervilha.
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Mas, no caminho contrário ao trabalho que propunha a fortificação dos alimentos, a pesquisadora descobriu que, no caso do feijão, a queda nos teores de ferro chegou a 39% em ambiente com maior concentração de CO2.
“A descoberta relativa à redução nutricional dos alimentos foi pessoalmente catastrófica”, resumiu Marta. A pesquisadora é diretora-adjunta do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Universidade Católica Portuguesa. No estudo, foram analisadas 18 variedades de feijão.
Além de reduzir o valor nutricional dos alimentos, as mudanças climáticas também deverão causar perdas sensíveis no campo devido aos eventos climáticos extremos, como ciclones, secas prolongadas, inundações e deslizamentos de terra, que tendem a se tornar cada vez mais frequentes.
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Em tempos de infodemia...
O agronegócio paulista registrou superávit de US$ 10 bilhões no primeiro semestre de 2023. Mas, segundo cálculos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, a produtividade nas lavouras poderia ser até 25% maior, com aumento de renda em todas as 16 regiões administrativas do Estado.
...paulistas perdem renda
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E o motivo para essa quebra na renda dos paulistas é a falta de conectividade, que impede o uso de tecnologias já disponíveis para o produtor rural. Enquanto as grandes capitais já estão conectadas à internet de quinta geração, dados da Escola de Agricultura da USP apontam que menos de 30% das fazendas brasileiras dispõem de sinal de internet. E, quando têm, é 3G, 4G...
A Espanha, o atum...
O Centro Oceanográfico de Múrcia, na Espanha, conseguiu reproduzir em cativeiro, pela primeira vez na história, o atum rabilho. Cientistas japoneses já haviam avançado na criação da espécie em ambiente fechado, mas os espanhóis conseguiram fertilizar 100 mil ovos em sua estrutura, em terra firme. Em seguida, induziram a geração de três milhões de alevinos (filhotes).
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...e a salvação dos golfinhos
A pesquisa para reprodução do atum em cativeiro começou em 2015, com apoio do Governo da Espanha, e pode diminuir a pressão sobre a espécie, uma das mais sobrepescadas nos oceanos. A pesca do atum é constantemente associada às capturas incidentais de espécies sem valor comercial, provocando a morte, por exemplo, de milhares de golfinhos todos os anos.
Filosofia do campo:
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“Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis”, Ernest Hemingway (1899/1961), escritor norte-americano, em “O velho e o mar”.
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