Repórter da Terra
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Um raro fenômeno sacudiu o mercado no último dia útil de agosto. Essa foi apenas a segunda vez que as cotações do café canéfora ultrapassaram as do café arábica neste século.
As duas espécies estão com a colheita da safra 2024/25 praticamente concluída no Brasil. E, mesmo com armazéns lotados, os grãos de canéfora registraram alta de 16,73% em agosto, segundo o Indicador Cepea/ESALQ. Das 124 espécies de plantas da família das rubiáceas identificadas pelo homem, a coffea canephora e a coffea arabica são as preferidas do mercado. Mas, as duas possuem características sensoriais, químicas e físicas distintas. E um dos principais diferenciais entre as duas é a quantidade de cafeína, que pode ser até cinco vezes maior nos canéforas, o que faz desses grãos os preferidos para a produção de cafés solúveis e espressos.
Portanto, com o canéfora valendo mais, é possível que os blends (misturas de variedades) elaborados pelas indústrias e vendidos nos supermercados passem a ter menor quantidade desse grão.
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E isso pode afetar a experiência sensorial em paladares mais sofisticados. A cafeína varia de 0,8 a 1,4% em arábicas e de 1,7 a 4,0% nos canéforas.
A espécie canéfora possui duas variedades botânicas: conilon e robusta. No Brasil, esses grãos são produzidos principalmente no Espírito Santo, na Bahia e na Rondônia.
Enquanto isso, o arábica é cultivado em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, majoritariamente.
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Nos arábicas, é mais frequente obter sabores que remetem à memória sensorial com notas de caramelo, baunilha, noz moscada, uva passa, malte, açúcar mascavo e frutas amarelas, dentre outras.
E a alta nas cotações do canéfora está diretamente relacionada à quebra na safra do Vietnã e da Indonésia, os maiores produtores e exportadores mundiais dessa espécie. A elevação nos preços começou no final de 2023.
Em entrevista à CNN Brasil, o diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Isoppo Porto, admitiu que a laranja é a fruta que pode ter mais problemas de abastecimento nos próximos meses devido à maior seca já registrada no Brasil desde que as medições começaram a ser feitas, em 1950. A seca sem precedentes já provoca grande estresse hídrico nos pomares e está comprometendo a qualidade de vários lotes.
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E 85% da produção de laranja é concentrada no cinturão citrícola formado pelas regiões administrativas de Campinas e de Barretos, no interior de São Paulo, além do Triângulo Mineiro e do Sul de Minas Gerais. Essas regiões foram bastante afetadas pela estiagem e ainda mais castigadas, nas últimas semanas, pelas queimadas. Mais: 74% do suco de laranja consumido no mundo é produzido no Brasil. E o mundo tem sede! Portanto, a tendência é que haja menor disponibilidade de frutas para o mercado de mesa, o que deve afetar os preços ao consumidor nos próximos meses.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) acabam de apresentar ao mundo amostras de um milho selvagem encontrado em cavernas no Vale do Peruaçu, em Minas Gerais. O achado arqueológico representa a mais primitiva amostra do cereal já encontrada desde a descoberta da planta ancestral do milho. O milho é originário do México e começou a ser domesticado pelo homem há nove mil anos.
A descoberta reforça achados publicados em 2018, na revista Science, que mostravam evidências genéticas, em plantas atuais, de que o milho poderia ter finalizado sua domesticação também na América do Sul. Faltava encontrar amostras de indivíduos semidomesticados no continente. E esse elo perdido foi encontrado. E se revelou em espigas, palha e grãos descobertos em escavações arqueológicas realizadas previamente por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais.
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A primeira planta a ser domesticada pela humanidade foi o arroz, há cerca de dez mil anos. A partir daí, o homem abandonou a vida nômade, baseada na caça e na coleta de frutos, e passou a se fixar em aglomerados, embriões de vilas e cidades.
“Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis”, Ernest Hemingway (1899/1961), escritor norte-americano, em ‘O Velho e o Mar’.
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