Repórter da Terra

Combustível para navios e indústria é ‘desviado’ para RJ e Litoral Norte

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Foto:  Foto de Chris LeBoutillier na Unsplash
 
O setor portuário se mobiliza em diversas frentes para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos gases causadores das mudanças climáticas. Tanto que os 175 países-membros da Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês) se reuniram nesta semana e voltam a se encontrar na próxima semana para discutir políticas que viabilizem a descarbonização do frete marítimo. E um dos mais promissores combustíveis para abastecimento dos navios com baixa ‘pegada’ de CO2 é abundante na Bacia de Santos. O problema é que, embora o gás natural liquefeito (GNL) esteja disponível a poucos quilômetros da Baixada Santista, o Plano Estratégico da Petrobras 2024-2028 não prevê a oferta do combustível no Polo Industrial de Cubatão nem no Porto de Santos. Tampouco a Autoridade Portuária (APS) apresentou qualquer projeto para oferecer o GNL aos navios, mesmo com o recorde de investimento previsto no Plano Estratégico 2024-2028, que projeta o aporte de R$ 21,3 bilhões no cais santista no quinquênio.
 
Sem interligação das grandes plataformas do pré-sal da Bacia de Santos com a Refinaria Presidente Bernardes Cubatão, o GNL acaba ‘desviado’ para o Estado do Rio de Janeiro e para o Litoral Norte de São Paulo. E essa decisão estratégica da Petrobras acaba fazendo com que o combustível, abundante e mais barato, acabe gerando empregos e riquezas nas indústrias do Vale do Paraíba e em solo fluminense.
 
E bastaria interligar o campo de Sapinhoá, que fica na altura da divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro, ao gasoduto da Plataforma de Merluza, que transporta o gás natural do mar até Praia Grande. Daí, o gás natural é conduzido até a Refinaria de Cubatão. Acontece que Merluza já está em operação há muito tempo, portanto, com produção em fase decrescente.
 
E a distância que separa Sapinhoá, em plena produção, do gasoduto de Merluza é de cerca de 200 quilômetros. Mas, no horizonte de cinco anos, a Petrobras não projeta qualquer investimento nesse sentido.
 
Tampouco há pressão política por parte de prefeitos e deputados federais da Região Metropolitana para que a empresa traga para a Baixada Santista essa riqueza, que poderia incentivar a reindustrilização do Polo Petroquímico de Cubatão e o abastecimento de navios no Porto, com um combustível menos poluente que o óleo bunker utilizado atualmente pelas embarcações.
 
Segundo o relatório LNG Outlook 2024, publicado em fevereiro pela gigante global Shell, hoje o mundo dispõe de 469 navios movidos a GNL, mas os estaleiros já contabilizam 537 encomendas de novas embarcações do gênero. Caso todas essas aquisições sejam entregues, haverá um aumento de 114% na quantidade de navios movidos a GNL até 2040.
 
Assim, conforme as previsões do LNG Outlook 2024, o GNL é, hoje, a principal alternativa ao bunker. Outras alternativas para descarbonizar o setor são amônia verde e azul, biodiesel, e-metanol, biometanol, biometano e e-metano.
 
A navegação é responsável por mais de 80% do volume de comércio mundial e quase 3% dos gases de efeito de estufa lançados na atmosfera. Com uma frota funcionando quase que exclusivamente com combustíveis fósseis, o setor registrou aumento de 20% nas suas emissões na última década.
 
Segundo o portal EPBR, o ritmo do declínio do consumo de gás no mundo não é um consenso. A consultoria Wood Mackenzie, por exemplo, estima que a demanda será resiliente ao menos pelos próximos 20 anos e prevê que o mercado de GNL crescerá até 2050. Enquanto ISSO, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) acredita que o consumo global de gás pode atingir o pico até o fim desta década.
 
Conforme balanço divulgado na última quinta-feira pela IEA, a produção de gás natural cresceu 3,9% em dezembro de 2023, na comparação com o último mês de 2022. Esse crescimento foi puxado pela Ásia, cujas importações cresceram 8,5% em 12 meses.
 
A descarbonização do frete marítimo deve demandar entre US$ 28 bilhões e US$ 90 bilhões por ano até 2050, de acordo com a Organização das Nações Unidas, grande parte para viabilizar a substituição do bunker. E as despesas anuais com combustíveis para alcançar o net zero podem aumentar entre 70% e 100%.
 
Cuidado com...
Um novo sensor desenvolvido por engenheiros do Massachussets Institute of Technology (MIT) promete detectar de maneira rápida, barata e segura a contaminação da água potável pelos chamados ‘químicos eternos’, os PFAS.
 
...a ‘água potável’...
Os produtos ‘químicos eternos’ são substâncias muito persistentes, que não se decompõem no ambiente. Cientistas e profissionais de saúde associam a exposição aos PFAS a vários danos à saúde humana, incluindo problemas na tireoide, câncer (especialmente de mama), colesterol alto, obesidade e efeitos no sistema imunológico.
 
...que você bebe...
PFAS podem ser encontrados em roupas impermeáveis e tapetes resistentes a manchas, ceras para o piso, panelas antiaderentes, embalagens a prova de gordura, fio dental e cosméticos. Eles também são usados em espumas de combate a incêndios.
 
...e dá para sua família
No Brasil, não há estudos consistentes sobre a contaminação da água potável, mas nos Estados Unidos o Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental estima que 98% dos norte-americanos estão contaminados pela substância.
 
Ofertas na feira:
Abacate fortuna, caqui rama forte, limão taiti, goiaba branca, abóboras moranga e paulista, batata-doce rosada, berinjela, chuchu, mandioca, acelga e milho verde fecham a semana com preços em queda nas 13 centrais atacadistas administradas pela Ceagesp no Estado.
 
Filosofia do campo:
“Não faço teatro para o povo, mas o faço em favor do povo. Faço teatro para incomodar os que estão sossegados. Só para isso faço teatro”, Plínio Marcos (1935/1999), dramaturgo e jornalista santista.

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