Cacau se transformou em artigo de luxo e foi commodity que mais subiu de preço em 2024

Nenhum produto agrícola subiu tanto quanto o cacau no mercado mundial em 2024. Na Bolsa de Nova Iorque a alta nos preços de determinados contratos chegou a 165%, Departamento de Inteligência da Stone X, empresa norte-americana de ativos financeiros. Em dezembro, a tonelada chegou a US$ 12.605, o equivalente a aproximadamente R$ 75 mil. No ano, o cacau valorizou o dobro do café, que aumentou 70%. Mas, essa situação não se limita a 2024, refletindo um contexto mais amplo de desequilíbrios sucessivos na oferta global. O fim do ano-safra que começou em outubro de 2023 e terminou em setembro de 2024 confirmou o terceiro déficit mundial consecutivo, acumulando 758 mil toneladas de saldo negativo desde 2021/22. E há incertezas quanto à temporada 2024/25, o que continua pressionando as cotações no mercado internacional.

No ano passado, os preços do cacau bateram recordes históricos não só por conta dos extremos climáticos, mas, também, pelo envelhecimento das áreas produtivas, mais suscetíveis a perdas de produtividade. E a crise na produção dos dois maiores produtores mundiais, Gana e Costa do Marfim, derrubou as importações brasileiras da amêndoa do cacau em 2024. O Brasil é o quinto maior mercado de chocolates do mundo...

Mas, o clima também não ajudou a produção brasileira, concentrada na Bahia, no Pará e no Espírito Santo. Além da seca, o ataque de pragas também prejudicou a produção brasileira. Um balanço divulgado pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) revelou que, no ano passado, as indústrias processaram 229.334 toneladas. E a falta de matéria-prima tem aumentado os custos para as fábricas. 

Em 2024, as indústrias receberam 18% menos cacau colhido por produtores brasileiros, somando 179.431 toneladas. A AIPC revelou também que o Brasil importou apenas 25.501 toneladas de cacau no ano passado, ante 43.106 toneladas em 2023. O balanço foi divulgado na última terça-feira.

A Bahia reduziu sua participação no mercado nacional de 136.165 toneladas em 2023 para 106.481 toneladas em 2024, com uma queda de 21,8%. O Pará registrou 65.654 toneladas, 11,9% a menos que no ano anterior. No Espírito Santo, o volume caiu 21% (de 7.558 para 5.968 toneladas), enquanto Rondônia apresentou recuo de 30,7% (de 1.899 para 1.316 toneladas). A contribuição de outros estados foi de apenas 12 toneladas em 2024.

Energias alternativas...

O Brasil expandiu em 8,8 megawatts (MW) a potência da micro e minigeração de energia elétrica distribuída em 2024. Isso representou um aumento de 33,1% em relação à potência instalada no fim de 2023. As placas de energia solar instaladas nos telhados das residências responderam por 99,86% da nova potência. No total, as distribuidoras autorizaram 779 mil conexões em todo o país no ano.

...em rápida expansão no Brasil

Também participaram da expansão outras fontes como bagaço de cana, biogás, lenha e energia eólica (dos ventos). Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

Queridinha do Brasil

A cotação da mandioca caiu tanto nos últimos dias na porteira na fazenda que os preços já são os mais baixos desde outubro do ano passado. Com o objetivo de liberar áreas para outros plantios de verão, produtores rurais têm acelerado a colheita da raiz, elevando a oferta de mandioca no mercado. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola de Agronomia da USP.

Tá muito barato!!!

A semana foi marcada pela queda vertiginosa nos preços do mamão havaí (papaia) na Ceagesp, a maior central atacadista de alimentos in natura da América do Sul. Na comparação com janeiro de 2024, o preço da fruta está 31,8% mais barato. Em relação ao início deste ano, a queda é de 23%. Os dados são da Seção de Economia e Desenvolvimento da Ceagesp, que apurou preço médio de R$ 2,88/kg no atacado. Em janeiro de 2024, a cotação da fruta estava em R$ 4,22/kg.

Mais ofertas na feira

Mamão formosa, manga palmer, melancia, lichia, limão taiti, uva niágara, pitaia, abóboras moranga e paulista, batata-doce rosada, berinjela, beterraba, mandioca; pimentões amarelo, vermelho e verde; tomate sweet grape; alfaces crespa, lisa e americana; brócolos ninja, couve manteiga, escarola, milho-verde, moyashi, manjericão, batata lavada e cebola nacional fecham a semana com preços em queda na Ceagesp.

Filosofia do campo:

“Como não estás experimentado nas coisas do mundo, todas as coisas que têm algum grau de dificuldade te parecem impossíveis. Mas, confia no tempo que te ele te dará doces saídas para muitas amargas dificuldades”, Miguel de Cervantes Saavedra (1547/1616), escritor espanhol, no clássico da literatura ocidental Dom Quixote.