Repórter da Terra
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Divulgado em Paris na última quinta-feira, o relatório World Energy Investment revelou que a transição energética para fontes limpas e renováveis ganha tração “rapidamente” nos países desenvolvidos. Segundo o documento produzido pela Agência Internacional de Energia, apenas 36% do capital investido no setor de energia ao redor do mundo em 2023 será destinado aos combustíveis fósseis, principais causadores do aquecimento global. Dos US$ 2,8 trilhões previstos, US$ 1,7 trilhão será injetado na geração e distribuição de energias menos agressivas ao Planeta e, portanto, mais amigas das próximas gerações.
Mas, a aviação preocupa os formuladores de políticas de combate ao aquecimento global porque, sozinho, esse setor lança anualmente na atmosfera mais gases do efeito estufa do que Brasil, Itália e Espanha juntos.
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Hoje, a aviação é a fonte de emissões de gases que mais cresce. E, liberadas em grandes altitudes, elas provocam impacto até quatro vezes maior que as emissões de fontes terrestres.
Aliança de líderes focada na descarbonização da indústria e dos transportes, a Mission Possible Partnership projeta que para atingir a meta de carbono zero até 2050, fixada pelo Acordo de Paris, será necessário um investimento de US$ 300 bilhões/ano só no setor da aviação.
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Desse total, as tecnologias disruptivas em aeronaves representam apenas US$ 15 bilhões por ano. O restante será necessário para financiar a produção de energia renovável e a construção da infraestrutura relacionada.
Ciente do gigantismo do setor e da contribuição dele para as mudanças climáticas, no final de 2022 o Parlamento Europeu determinou que o mix de combustíveis para aviação terá de contemplar pelo menos 70% do chamado SAF (sustainable aviation fuel).
Segundo especialistas, o SAF pode reduzir até 80% as emissões de gases do efeito estufa em comparação com o combustível fóssil para aviação. Expectativas otimistas apontam que esses biocombustíveis, somados aos combustíveis de carbono reciclado e outros sintéticos, possam representar até 30% do combustível de aviação já em 2030.
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Nesse contexto, a França proibiu definitivamente na última terça-feira os voos de curta duração em rotas onde haja a alternativa dos trens de alta velocidade.
Diante das pressões pela descarbonização da aviação, a Boeing fez recentemente um aporte de US$ 450 milhões em uma start up norte-americana que está desenvolvendo aeronaves elétricas, de sexta geração.
Mais: outra start up norte-americana anunciou em novembro que já possui encomendas para quase 150 aviões movidos a bateria íon-lítio. O primeiro protótipo decolou e pousou em Washington em setembro do ano passado, e as entregas para empresas da Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e México devem começar em 2027. O avião carbono zero à bateria é alimentado por dois motores de 640 quilowatts.
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Além da bateria para voos mais curtos, no início deste mês o Fórum Econômico Mundial destacou a velocidade do avanço de outro segmento emergente: as aeronaves maiores e de longo alcance, movidas por células de hidrogênio-elétrico.
Neste segmento, a projeção é que aviões com até 19 assentos já estejam disponíveis para oferta comercial em 2025, com autonomia de voo para até 300 milhas náuticas, aproximadamente 555 quilômetros. Em 2029, já será possível voar distâncias de até 3.600 quilômetros em aviões com 200 assentos e movidos por hidorgênio.
Ciente da revolução em curso, o Fórum Econômico Mundial projeta que, em 2050, os aeroportos vão demandar dez vezes mais energia na comparação com os dias atuais. Isso representa uma potência extra de 1.700 terawatts-hora, o equivalente à capacidade de até 25 parques eólicos ou de uma usina solar com área igual à metade do território da Bélgica.
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Até lá, os aeroportos de todo o mundo precisarão ser adaptados, com instalações para geração e transmissão de energia limpa e renovável, além de estrutura para liquefação e distribuição do hidrogênio às aeronaves.
Filosofia do campo:
“Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis”, Ernest Hemingway (1899/1961), escritor norte-americano.
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