Repórter da Terra
Cepea detectou um fenômeno sutil que está afetando
Foto: Agência Brasil
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Pode ser que a picanha ainda não tenha chegado à mesa de todos conforme prometido, mas também não se vê mais a ‘fila do osso’ nos açougues, cena lamentável de um período recente da história brasileira. Desde 2 de janeiro de 2023, a arroba do boi gordo ficou 24% mais barata no Estado, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Porém, o Cepea detectou um fenômeno sutil que está afetando o preço dos cortes bovinos no atacado. Com a queda contínua nos índices de desemprego no País e com a manutenção das políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família, a procura pelas chamadas carnes de segunda tem aumentado nos últimos meses.
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Resultado: cortes mais populares, como acém, peito, paleta, músculo, cupim e ponta de agulha têm registrado alta nos preços nas últimas semanas, enquanto carnes mais nobres têm sofrido desvalorização nos açougues.
Resumo: a parte dianteira dos bovinos têm registrado inflação no mercado atacadista da Grande São Paulo, enquanto cortes como maminha, lagarto, contra-filé, alcatra e filé mignon enfrentam uma deflação.
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E essas informações permitem duas leituras.
Primeiro: ainda que indicadores macroeconômicos, como o emprego e a renda, estejam evoluindo positivamente nos últimos 18 meses no Brasil, o poder de consumo segue limitado.
Segundo: essa melhora na Economia ainda não foi suficiente para que as classes C e D alcancem padrões de consumo superior, com “luxos” como os cortes mais nobres de carne bovina.
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Vinculado à Escola de Agronomia da USP, o Cepea monitora os preços da arroba do boi gordo desde 1994 e considera que o aumento nas exportações de carne bovina registrado desde o final de 2023 também tem impacto nesse cenário atual.
As exportações alcançaram 274 mil toneladas em maio, aumento de 36% na comparação com o mesmo mês do ano passado. E esse foi o segundo maior volume da história, só perdendo para dezembro de 2023 com 282,5 mil toneladas.
As informações são da Associação Brasileira de Frigoríficos, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Governo Federal. No acumulado do ano até maio, as exportações totais alcançam 1,2 milhão de toneladas contra 840 mil toneladas no mesmo período de 2023, o que representa uma alta de 43%.
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E esse cenário também impacta outras carnes. Os preços do suíno vivo e da carne suína seguem em alta. Segundo o Cepea, o impulso vem, principalmente, do bom desempenho das vendas no varejo brasileiro.
Quanto às exportações, o ritmo é intenso. Conforme dados da Secex, o Brasil embarcou 103,3 mil toneladas de carne suína em maio, volume 2,7% superior ao de maio/23. Em abril/24, as exportações foram recordes e atingiram o melhor desempenho mensal deste ano.
O índice de preços Ceagesp encerrou o mês de maio com deflação de 3,15%, ante uma alta de 7,02% nos preços de frutas, verduras e legumes no mês anterior. Assim, o acumulado do ano está em 9,43% de alta. Em 12 meses, a inflação na feira chega a 24,87%. A Ceagesp é a maior central atacadista de alimentos in natura da América Latina.
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As frutas tiveram deflação de 3,94% em maio. Com o resultado, o setor acumula inflação de 4,7% no ano e de 29% em 12 meses. Dos 48 itens cotados nesta cesta de produtos, 48% apresentaram redução de preço. As principais baixas ocorreram nos preços de mamão havaí (-34,51%), laranja pera (-19,92%), banana nanica (-18,39%), morango (-15,93%) e banana prata (-13,15%). Principais altas: manga tommy (+50,62%), pitaya (+34,63%), abacaxi pérola (+30,31%), graviola (+20,62%) e melão amarelo (+19,06%).
Os legumes registraram deflação de 5,06%, ante uma inflação de 10,36% no mês anterior. Dos 32 itens cotados nesta cesta de produtos, 88% apresentaram redução de preço. As principais quedas ocorreram nos preços de tomate sweep grape (-20,97%), chuchu (-19,61%), tomate cereja (-19,23%), abóbora japonesa (-16,01%) e berinjela japonesa (-15,99%). Principais altas: cenoura (+9,29%), beterraba (+6,07%) e mandioca (+2,31%). O setor fechou maio com sua primeira variação negativa de preços no ano.
As verduras tiveram deflação de 11,65% em maio. Dos 39 itens cotados nesta cesta, 82% apresentaram redução de preço. Principais baixas: brócolis (-28,88%), alface lisa (-24,72%), rúcula hidropônica (-24,37%) e alface crespa hidropônica (-24,18%). As principais altas ocorreram nos preços de beterraba com folha (+25,69%), repolho (+18,51%), almeirão (+16,35%) e rabanete (+3,80%). Destaque de maio, o setor de verduras é o único a apresentar reduções de preços no ano e em 12 meses.
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“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher”, Cora Coralina (1889/1985), doceira e poeta goiana.
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