Repórter da Terra

Armazéns têm só 7% do café colhido em 2024 e estoques públicos da Conab foram zerados

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Não foi à toa que o Governo Federal decidiu zerar as tarifas de importação para o café produzido em outros países. Além dos preços recordes nas gôndolas dos supermercados, o risco de faltar café no Brasil é iminente. E o desabastecimento pode acontecer já nas próximas semanas, caso as exportações prossigam no ritmo atual.

Segundo a consultoria Safras & Mercado, até o último dia 12, os produtores brasileiros já haviam comercializado 93% de toda a safra de café 2024/25. E os grãos da temporada 2025/26 só começam a ser colhidos no final de maio.

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Pior: os centenários estoques reguladores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram destruídos nos governos de Michel Temer (2016/2018) e Jair Bolsonaro (2019/2022).

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“Nunca tivemos estoques tão baixos em fevereiro, período ainda distante da nova safra”, confirmou Willian Cesar Freiria, gerente de vendas da Cocapec, terceira maior cooperativa de café do Brasil, na cidade de Franca (SP), à agência Reuters de notícias.

Só para se ter uma ideia, os embarques de café para o exterior subiram para 33,4 milhões de sacas no acumulado de julho/2024 até o mês passado. Esse é o maior volume já registrado para os oito primeiros meses de um ano-safra, que começa em julho e termina em junho do ano seguinte. Os dados são do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

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E os cafeicultores venderam quase todos os seus grãos meses antes da chegada da nova safra porque as cotações globais bateram recordes nos últimos 14 meses nas bolsas internacionais.

O aumento nas exportações aconteceu por dois motivos. O primeiro foi a quebra na colheita de exportadores como o Vietnã, um dos maiores fornecedores globais de grãos de conilon. Essa variedade é usada especialmente no preparo do café “espresso”, servido pela primeira vez por Angelo Moriondo, em 1884, na cidade de Turim. 

O segundo motivo foi a antecipação das compras por países-membros da União Europeia. Inicialmente prevista para 2025, a regulamentação da importação de produtos livres de desmatamento motivou embarques acelerados antes do anúncio de seu adiamento, impulsionando as compras dos grãos brasileiros.

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Situação caótica...


Diante da carestia no varejo, a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) soltou nota nos últimos dias afirmando que: “A indústria nacional vivencia um dos momentos mais difíceis de toda sua história. Desde 2020, a produção nacional e internacional tem sido afetada por questões climáticas, aumento da demanda global, questões geopolíticas e o aumento do custo de produção. Diante do princípio básico da oferta e da procura, e por ser commodity negociada em bolsas internacionais (Nova Iorque e Londres), a saca de café atingiu valores jamais vistos no mundo, pressionando o preço para as indústrias, e consequentemente para o consumidor”.

...no mercado do café

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O documento da indústria diz ainda que: “A ABIC segue à disposição das instituições públicas e privadas para dialogar diante de um cenário tão adverso. A Associação manterá sua conduta em prol do café de qualidade, exigindo sempre o cumprimento da legislação nacional aplicável aos cafés torrados”.

Roubo de café dispara nos EUA...

O roubo de cargas de café verde cresceu nos Estados Unidos nos últimos meses. Os roubos têm sido praticados por gangues que se disfarçam de empresas de transporte e oferecem fretes mais baratos a pequenos importadores. “Houve dezenas de roubos no último ano, algo que raramente acontecia no passado”, disse Todd Costley, coordenador de uma corretora de frete de New Hampshire, à agência Reuters de notícias. Os EUA são o maior consumidor e, também, o maior importador mundial dessa commodity agrícola.

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...e em Minas acabou a paz no campo

Em Minas Gerais, os roubos e furtos também cresceram. Em janeiro, homens armados levaram 500 sacas de café de uma fazenda, com prejuízo estimado em US$230 mil. E a preocupação é grande com a proximidade da nova safra, tanto que a Assembleia Legislativa promoveu audiência pública para debater a prevenção e o enfrentamento do roubo de café no Estado. A audiência foi na segunda-feira (17). Os deputados vão propor emendas visando a instalação de câmeras nas estradas rurais, o uso de drones e de tecnologia para mapeamento das áreas agrícolas. Também foi sugerido o aumento do efetivo da PM na zona rural, ao menos durante a colheita, até o final de setembro.

Orgulho do Nordeste

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A Economia do Nordeste cresceu 4% em 2024, superando a média nacional de 3,8%. Os dados constam do Boletim Macro Regional, divulgado nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE). Pernambuco e Ceará tiveram papel fundamental nesse crescimento, registrando avanços de 4,7% e 5,5%, respectivamente, impulsionados pelos setores de serviços e indústria.

Filosofia do campo:


“Não troco meu oxente pelo ok de ninguém’, Ariano Suassuna (1927/2014), professor, escritor, porta, advogado e político paraibano radicado em Pernambuco.

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