Nilton C. Tristão

As pesquisas eleitorais como fonte de desinformação

Enquanto que o marketing apresenta-se como a “arte de explorar, criar e entregar valor para satisfazer as necessidades e desejos”, ostentando a finalidade de desenvolver táticas e estratégias que promovam experiências sensitivas únicas, mas de alcance global, os diagnósticos de opinião pública ocupam a função de instrumentos científicos derivados de procedimentos que testam e corroboram hipóteses viáveis.

Dessa forma, podemos dividir o interior das campanhas eleitorais entre essas duas atribuições da seguinte maneira: na medida em que marqueteiro avoca o papel do promotor de vendas de apartamentos na planta, o responsável pelos levantamentos quantitativos e qualitativos assume a missão de acurar os comportamentos aleatórios, sequências geométricas e padrões baseados em fenômenos singulares que permeiam o sufrágio que se avizinha, desvendando tendências e fomentado prognósticos apurados naquele instante.

Ou seja, no momento em que a comunicação assume a atribuição de estabelecer a interlocução lúdica com o sufragista, o investigador social executa a observância dos métodos destinados à compreensão da repetição de eventos sociológicos, com o propósito de dimensionar o conjunto de probabilidades.

Contudo, vem tornando-se corriqueiro nos embates partidários a propaganda política apropriar-se de resultados de intenção de voto para construir narrativas que beneficiem os seus postulantes, transformando os índices em elementos que permitam leituras direcionadas aos milhares de analistas sedentos por polêmicas.

Assim, nos deparamos diante da desconstrução lógica desencadeada por premissas falsas ou silogismo erístico, circunstância que decorre quando o ponto de partida das deduções foi elaborado em bases informativas equivocadas. A reincidência desses episódios gera ao final da disputa de cada pleito, o debate a respeito da inexatidão dos resultados previstos pelas sondagens. Soma-se a isso a disseminação de enquetes desprovidas de qualquer vínculo com a realidade factual, além da propagação de deepfakes visando ludibriar a consciência coletiva com respostas falseadas.

"Hoje, com a facilidade de criação de deepfakes e seu compartilhamento nas redes sociais, que atualmente são os principais meios de notícias, é perigoso que campanhas as utilizem para deslegitimar as eleições e os candidatos" (Nina da Hora em entrevista ao Tilt Uol).

Logo, podemos testemunhar que, reiteradamente, os axiomas da democracia participativa vêm sendo capturados e desvirtuados sem pudor por sofomaníacos.

Portanto, a conclusão do escrutínio de dois de outubro não se limitará apenas para definir o vencedor da contenda, mas mostrará as opções de mundo que poderemos viver – o mesmo que sequestra valores, princípios e o saber conquistados a duras penas, através de longos e dolorosos processos civilizatórios; ou outro, capaz de resgatar, estimular e preservar o que existe de melhor no âmago do ser humano. Nesse contexto, a prospecção de cunho eleitoral destinada ao conhecimento comum que surgiu para desempenhar a incumbência de mecanismo confiável de orientação do votante, teve a sua essência distorcida e atualmente situa-se a reboque de oratórias e discursos particularizados, com interesses próprios. Por conseguinte, trazê-lo ao seu ofício de origem significa reinseri-lo no instituto que fundamenta o direito dos brasileiros a exercerem as suas opções a partir de fontes confiáveis e inequívocas.

Vamos relembrar Napoleon Hill, autor de Mais Esperto que o Diabo: O mistério revelado da liberdade e do sucesso, quando diz: “o lobo que vence é aquele que alimentamos melhor”.  

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