Olhar Filosófico

Sala de aula e de vida

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Ministrar aulas é sempre uma atividade em que o empenho do professor tem de ser específico e interdisciplinar ao mesmo tempo. Quando nos deparamos com uma sala de alunos, abrem-se aos nossos olhos os anseios, vontades, características infindas que os alunos, individualmente, de formas tão diferentes trazem em si mesmos num momento em que parte da significação da sua vida está, ou entra, em jogo. Neste momento, a tarefa do professor é a de levar os seus alunos a buscarem grande parte do sentido e significado para suas vidas por entre fórmulas físicas, teoremas matemáticos, transformações químicas etc , e pensarem que um mundo melhor é viável e que esse pode não ser o melhor dos mundos possíveis.

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Diz-nos Tardif,  os estudantes, os alunos, são seres humanos cujo assentimento e cooperação devem ser obtidos para que aprendam e para que o clima da sala de aula seja impregnado de tolerância e de respeito pelo outros. Embora seja possível manter os alunos fisicamente presos em uma sala de aula, não se pode forçá-los a aprender. Para que aprendam, eles mesmos devem, de uma maneira ou de outra, aceitar entrar em um processo de aprendizagem. Ora, essa situação põe os professores diante de um problema que a literatura chama de motivação dos alunos: para que os alunos se envolvam em uma tarefa, eles devem estar motivados. Motivar os alunos é uma atividade emocional e social que exige mediações complexas da interação humana: a sedução, a persuasão, a autoridade, a retórica, as recompensas, as punições etc. Essas mediações da interação levantam vários tipos de problemas éticos, principalmente problemas de abuso, mas também problemas de negligência ou de indiferença em relação a certos alunos.” (TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. Revista Brasileira de Educação, n. 13, p. 5-24, jan/abr 2000).

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Está para o professor a certeza de que a humanidade pode crescer em sabedoria, potência e graça, no entanto, faz-se urgente que se reaprenda a sonhar. E sonhar implica em, concretamente, efetivar a esperança conjunta para a realização da justiça e da dignidade de ser.

Sonhar é fazer emergir a faculdade livre de significar tendo a presença do outro como irrenunciável parte de si mesmo para que, já essa geração, não fuja ou determine como impossíveis os seus sonhos, vontades e ideias, mas reflitam profundamente até que ponto são sonhos que nasceram de aspirações, de vontades próprias, enfim, de desejos libertos e autênticos e não produtos encomendados da tecnologia. Até que ponto não são sonhos induzidos para fazer valer a lei da inércia na condição humana? Até que ponto estamos sendo contados como seres humanos capazes de mudança? Quanto vale um sonho? Será que não estamos vendendo nossos sonhos a cada instante a preço nenhum? Há quanto tempo estamos dando nossas cabeças para outros, por elas, pensarem? Devemos buscar as raízes (o pensar como poética da alma) para que cheguemos ao âmago de nossa condição, que se resume na clareza do poema: "Navegar é preciso..." e o porto das verdades possíveis nos espera.

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