'Disciplina é liberdade'

Quando ando pelas ruas, a pé ou de automóvel, reconheço e sigo um caminho disciplinadamente, não atravesso a rua sem olhar para os lados, não troco a calçada (como passeio de pedestres) pela avenida, quando no automóvel idem... Pois bem, agir com disciplina é agir conforme o estabelecido por mim ou pelos outros, desde que seja, de fato, consciente.

Agora, para desenvolver a disciplina, preciso, antes, de quatro (4) princípios: 1º COMPROMETIMENTO; 2º TREINO; 3º HÁBITO; 4º ÂNIMO

1. COMPROMETIMENTO: Para que eu me discipline, desenvolva um método para atingir meus objetivos, tenho que me dedicar de verdade, ou seja, comprometer-me, que significa, a cada dia, vitalizar minhas metas através de minhas ideias.

Por exemplo, se percebo que posso ter excelência naquilo que faço ou farei, devo, primeiro, aplicar todas as ideias em mim mesmo, para que vá comprovando minhas convicções e futuras certezas; e, segundo, devo ter em mente que minha meta é o meu maior compromisso, nada me convencerá do contrário, nem me afetará em minha serenidade autônoma. Sou o que sou porque faço ou sei fazer por onde.

2. TREINO: Colocar em prática as ferramentas e qualidades de que disponho exige que eu tenha força e meios para tanto, exige aquilo que chamamos de treino. Treinar é estimular minhas capacidades para que não se atrofiem, mas, ao contrário, se potencializem. Exercitá-las é fundamental. Exército minha inteligência, meu corpo, quando eu os desafios, vou além do “estado de repouso” em que se encontram, não é à toa que jogos são muitas vezes chamados, também, de desafios.

Desafiar-se é colocar-se em dúvida, em estado de reflexão e, a partir daí, ousar em práticas que nos levem à superação do lugar em que nos encontramos.

E, por sua vez, a superação se traduz no Homem em dois momentos: 1º INSTINTIVO, que por si só é extremamente limitado se não acompanhado do 2º INTELIGÊNCIA, que me motiva, que me impele a querer, conscientemente, o que desejo.

Devo treinar a mente, estudar a lógica, memorizar textos, ler, inclusive com o corpo (um olhar de aprovação, um gesto de delicadeza). Devo exercitar minha simpatia, o que é o mesmo que animar meus sentidos e ideias para que se abram ao mundo adequadamente.

3. HÁBITO: Devo fazer das práticas para atingir meus objetivos um hábito. Ou seja, um costume no qual encontre sentido e motivação para continuar.

Quando levantamos pela manhã e escovamos os dentes, percebemos que nos habituamos a tal ação. Agora, se pararmos para refletir quando tal hábito se iniciou, perceberemos o seguinte: 1º_ No começo, quando éramos pequenos, alguém, convicto de que fazia algo certo, nos ensinou a nos comprometermos com a saúde bucal; 2º_ Nos deu dicas e métodos para que treinássemos; 3º_ Fomos crescendo e, quase sem perceber, estávamos habituados àquela prática e, por fim; 4º_ Notamos, também, que precisávamos de ânimo, vontade, para mantermos essa atitude e, assim, também, assumirmos nossos papéis sociais, sendo pais, filhos, profissionais equilibrados em diversas áreas, cargos e funções... E ainda me pergunto, será que já sei de fato escovar os dentes?

Nunca será tarde para rever nossos hábitos, se estão concernentes às minhas capacidades ou não.

4. ÂNIMO: Quando os gregos propuseram a palavra ânimo ao vocabulário ocidental, demonstraram que haviam percebido que somos tão especiais, que íamos além de nosso corpo, de nossos instintos, até de nossas falas mecânicas, perceberam que possuíamos alma.

A melhor definição de alma que encontro sempre em minha memória, é a de Mário Quintana, o mais singelo e sutil dos poetas brasileiros; dizia ele em um verso: “Alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.”

Precisamos de alma para viver, e viver já é um bem, não devemos calar o ânimo que é o movimento da alma. Estar animado significa estar disposto a enfrentar quaisquer obstáculos, mesmo reconhecendo que tais enfrentamentos nunca cessarão. Vida é luta! E para todo combate, a disciplina é a chave do êxito.