Olhar Filosófico

Disciplina e autonomia: cara, coroa e moeda

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Todo processo de autoconsciência e autonomia de um sujeito, ou seja, de libertação, exige disciplina, entendida como organização e método: caminho programado e trilhado para se atingir um objetivo, uma meta.

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Quando ando pelas ruas, a pé ou de automóvel, reconheço e sigo um caminho disciplinadamente, não atravesso a rua sem olhar para os lados, não troco a calçada como passeio de pedestres pela avenida, quando no automóvel idem... Pois bem, agir socialmente com disciplina é agir conforme o aceito por mim com os outros, desde que seja, de fato, um bem para o maior número de pessoas.

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Agora, para desenvolvermos a autodisciplina, que nos leva à autoconsciência e à autonomia, preciso, antes de tudo, de quatro (4) princípios: 1º COMPROMETIMENTO; 2º TREINO; 3º HÁBITO e 4º ÂNIMO.

COMPROMETIMENTO: Para que eu me discipline, desenvolva um método para atingir meus objetivos, tenho que me dedicar de verdade, ou seja, comprometer-me, que significa, a cada dia, vitalizar suas metas através de suas idéias.
Por exemplo, se percebo que posso ser um líder naquilo que faço ou farei, devo, primeiro, aplicar todas as minhas idéias em mim mesmo, para que vá comprovando minhas certezas, segundo, devo ter em mente que minha meta é o meu maior compromisso, nada me convencerá do contrário, nem me afetará em minha serenidade autônoma. Sou o que sou porque faço ou sei fazer por onde.

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TREINO: Colocar em prática as ferramentas/qualidades de que disponho exige que eu tenha força para tanto, exige aquilo que chamamos de treino. Treinar é estimular minhas capacidades para que não se atrofiem. Exercitá-las é fundamental. Exercito minha inteligência, meu corpo, quando eu os desafio, não é à toa que jogos são chamados, também, de desafios. Desafiar-se é se colocar em dúvida e, a partir daí, ousar a prática que nos leva à superação. A superação se traduz no Homem em DOIS momentos: 1º ANIMAL/INSTINTIVO, que por si só é, extremamente, limitado se não acompanhado da 2º INTELIGÊNCIA, que me motiva, que me impele a querer, conscientemente, o que desejo. Devo treinar a mente, estudar a lógica, memorizar textos, ler, inclusive com o corpo (um olhar de aprovação, um gesto de delicadeza). Devo treinar minha simpatia, o que é o mesmo que animar meus sentidos para que se abram ao mundo adequadamente.

HÁBITO: Devo fazer de minhas práticas para atingir meus objetivos um hábito. Ou seja, um costume no qual encontre sentido e motivação para continuar. Quando levantamos pela manhã e escovamos os dentes, percebemos que nos habituamos a tal ação. Agora, se pararmos para refletir quando tal hábito se iniciou, perceberemos o seguinte: 1º_ No começo, quando éramos pequenos, alguém, convicto de que fazia algo certo, nos ensinou a nos comprometermos com a saúde bucal; 2º_ Nos deu dicas e métodos para que treinássemos; 3º_ Fomos crescendo e, quase sem perceber, estávamos habituados àquela prática e, por fim; 4º_ Notamos, também, que precisávamos de ânimo, vontade, para mantermos essa atitude e, assim, também, assumirmos nossos papéis sociais, sendo pais, filhos, profissionais equilibrados em diversas áreas, cargos e funções... E me pergunto, será que já sei escovar os dentes? Nunca será tarde para rever nossos hábitos, se estão concernentes às minhas capacidades ou não!

ÂNIMO: Quando os gregos propuseram a palavra ânimo ao vocabulário humano, demonstraram que haviam percebido que somos tão especiais, que íamos além de nosso corpo, de nossos instintos, até de nossas falas mecânicas, perceberam que possuíamos ALMA. A melhor definição de alma que encontro sempre em minha memória, é a de Mário Quintana, nosso poeta sutil; dizia ele em um poemeto: “Alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.”Precisamos de alma para viver, e viver já é um Bem, não devemos calar o ânimo que é o movimento da alma. Estar animado significa estar disposto a enfrentar quaisquer obstáculos, mesmo reconhecendo que tais enfrentamentos nunca cessarão. A característica mais marcante de um líder é o seu ânimo para com a vida, suas batalhas pessoais e funcionais... Não nos lembraremos de um líder sequer, que não tenha tido ânimo. Devemos despertar nossa vontade que é o mais fiel indicativo das nossas preleções da alma.

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