Olhar Filosófico
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Aprendemos por meio de alguns historiadores e pelos próprios vícios de nossas práticas, infelizmente, que poder significa, mais ou menos, despotismo, ou seja, uma vontade absoluta e arbitrária de alguém de um determinado lugar de comando. Isto é tão comum que nossos ‘heróis’ da história, na maior parte das vezes, encarnam essa característica e, inclusive, costumamos nos orgulhar disso.
Por tudo isso, alimentamos um sentimento de sucesso possessivo entre todos os indivíduos da sociedade que parece nos dar o direito (e até o dever!) de sermos assim. Não aprendemos, por exemplo, a lidar com perdas ou, até mesmo, a reformular novos caminhos de existência, novos sentidos, razões e metas para nossas vidas. O garoto que perde a namorada, entende que roubaram-lhe uma propriedade... O pai que dita as escolhas dos filhos, quando estes lhe frustram, sente-se traído, enganado e deprimido pelo insucesso, afinal, tudo era seu e daria tão certo!
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Somos ‘educados’ para o sucesso, e isso graças à pressão da ideia equivocada de poder que herdamos.
O poder é uma delegação, isto é, não emana naturalmente de um ser superior travestido de cidadão comum, ele é uma construção coletiva. Nós damos poder quando reconhecemos que precisamos de orientação e lógica para tal e tal papel e função de nossas vidas. Mas, mesmo assim, o poder, em tese, não é delegado para que dele se faça o que quiser.
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O verdadeiro poder nasce a partir de dois princípios:
1º PELA CONSCIÊNCIA DO EU, que implica um reconhecimento de minha inteligência em consonância com minha vontade, isto é, percebo que tenho, de maneira esclarecida, a força para me decidir, a livre-escolha. Isto abre as portas para a realidade do poder que, portanto, se inaugura com minhas possibilidades enquanto indivíduo;
2º PELA CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO SOCIAL QUE NOS ENVOLVE. Além de perceber a mim, devo perceber, cada vez mais, os outros que comigo convivem, que de mim, mesmo que eu não perceba, dependem e vice-versa.
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O poder é descoberto em nosso interior, mas traz respostas ao exterior, de um modo que a todos influencia e condiciona. Uma nova visão de poder faz-se necessária. Aliás, talvez não seja uma questão de inovar radicalmente o olhar sobre o conceito, mas, antes, perceber-lhe o real e verdadeiro sentido.
Ter poder é, acima de tudo, gozar de uma autorização da vontade individual esclarecida mais íntima, e da vontade, não menos esclarecida, da coletividade.
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