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Escrevo para um homem mau. E homens maus não têm nome, suas personalidades são barulhentas e vazias. É uma carta a um homem sádico. Mau, banal e vazio. Uma terceira pessoa do singular que aterroriza os nossos verbos de liberdade, os nossos versos de ação. E não escrevo só, escrevo com os braços de todos e todas que não suportam homens maus!
Cale-se, homem sádico! Cale-se, homem ignorante! Cale-se, homem mau! Não pense que não sei o que de fato está pensando. Não ouse pensar nisso. Embora você pouco consiga de fato raciocinar, sei dos limites desse seu gênio ruim.
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Da minha parte, sigo calmo, mas, cale-se, ser odiento! As palavras também são atos revestidos de soco, tiro e fúria, que é seu caso, e poderiam ser de músicas e asas, mas você nunca entenderia. Cale-se!
E se tentar capturar meu ‘cale-se' para dizer que sou violento tanto quanto tu, digo novamente e seguro de mim, seguro de muitos, que é vã a tentativa, homem bárbaro, incivilizado. Repete o que ouve, inventa o que não vê e anseia por poder, ódio e maior, muito maior corrupção, corruptores, cooptados. Você e os seus anjos de fealdade, são desumanos de quase ser pedra. Corações de espinhos, zumbis de espíritos e ideias mortas, erisipelas das almas.
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Cale-se! Cale-se, rastejante! Largue o celular, esse meio de serpente, de ser menos, esse meio coisa, meio arma. Meio à língua bifurcada que até as cobras ofende. Sua arma. A minha segue sendo a memória dos caídos e levantados, dos encaixotados no espaço, gradeados dos códigos que oprimem e sem direito dos dias que foram.
Com sacolas de mercado e restos de frutas, mas engrandecendo a humanidade. Humanizando os organismos.
Somos humanos. Aqueles que sempre buscou derrotar de tão pequeno que é. Somos onde você não pode ser. E nunca será. Jamais será. Nem sua camarilha. Camarilha! Assim se move com os seus que são quase nada como já te disse, se é que entendeu, com o meu cale-se! Camarilha! Quadrilha de desesperançados, com essas bocas de manilhas de esgoto. Você e os seus (que são nada, como já repeti) que só entendem da fossa e da escuridão do tempo. Mas não é um jogo, lembre-se, não estamos num xadrez. Nem peão, nem rainha, nem bispo. Mas aquele ódio posto à luz talvez te satisfaça para quem se subordina a coisa alguma. Se entrega ao pastor da semeação do caos, inoculador de veneno. E para esse caos que nos tenta, devolvemos em furacão. Sua voz por dentro não ecoa, sua mão aqui não atira, nem nos lança pedras, homem ruim! Não mais!
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Enquanto trama, há quem viva. Seguimos vivos. Seguiremos. E somos também escuros filhos da lua, com colares, cocares, brincos, pinturas e gritos de guerra e paz. A natureza nos cerca de abraço e carinho, e esse estado de tudo com todos é nosso alento. Talentos. A casa está cheia. Somos multicolores e convocamos os deuses para dançar, mas você é oco. O sagrado te evita para que não profanes os nomes e os tipos de céu.
Cale-se, sádico! O nada que te alimenta alimentará outros nadas, porque onde nada há, nada surge. Nem a personagem do fingir-se autêntico você mais guarda em teu guarda-roupa, está nu. Você que odeia os livros, a arte, a ciência, a política, os animais e o habitat das estações. Você é parasitário! Nunca chegou a ser o hotel que habita a alma. Um embusteiro que mata bicho e ri como o tosco remendo que é.
Se teu deus de fato existisse, seria o sinal trocado do bem. Um odioso ser de rosto em ranhuras e cores malfeitas.
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A crise sempre foi estética! Sempre foi. Falta de educação para a liberdade. E (não lamento) nunca poderá entender de fato as palavras, pois são ideias e conceitos e você é vácuo. Brutos são os seus que se perderam na esquina do horror. Lá onde se nutrem de medo e inveja daqueles que se humanizaram. O ódio aos humanos, às árvores, ao ambiente fizeram todos cegos, todos inverídicos. Você é nada, se é que entenderá o tamanho do paradoxo que te imputo. É nada! Sem papo, sem alegria, sem criatividade. Do roubo e usurpação te alimentaram.
E disso se alimenta ainda hoje. E daí, para os outros iguais a ti, joga os restos desses retalhos de caos e ódio, mas te sobra medo. Covarde! Larga esse celular. E não clique no aplicativo das mensagens, das redes, das frases de efeito, pois nunca teve nada para dizer. Cale-se! Já morreram muitos pelas ações da sua boca que, até ontem, iam além e nos levaram às valas comuns. Cale-se e prenda as mãos. Segure firme porque jogaremos as chaves no rio do esquecimento. Durma ainda, mas com a certeza de que não sairá do lodo em que se refestela.
O terror te espreita e sempre que se levanta, uma nuvem de tempestade te cobre os olhos. E vem em direções sem sentido, como você, homem mau. Mas somos primavera, somos verão, brotamos no outono e cantamos nos invernos.
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Cale-se! Recolha a língua e esconda os dentes! Cruze as pernas! Peça aos seus para que amarrem a camisa com os cordões de lona e algodão em suas costas. E que sejam cuidadosos e não apertem para que não te sufoquem.
Somos humanos, lembre-se, para os maus a justiça, não a vingança. Afinal, são também nossas as palavras do filósofo Paul Ricoeur, “Que se retire o sofrimento infligido aos homens pelos homens e ver-se-á o que ficará de sofrimento no mundo (...) Esta resposta prática não permanece sem efeito no plano teórico: antes de acusar Deus ou de especular sobre a origem demoníaca do mal no próprio Deus, atuemos ética e politicamente contra o mal”.
Somos o som dos pássaros, a voz dos nossos mortos, a vida que deixa viver. Somos vitais e tentaculares. Amamos e deixamos amar. Cale-se, homem mau!
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