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O relatório da Unesco, “Educação: um tesouro a descobrir”, que inaugura a ideia de apontar saberes necessários ao século XXI, nos diz, lá pelas tantas, que um dos quatro pilares da educação e da cobrança social em todos os níveis no presente século, é o “aprender a conhecer”: “Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente ampla, com a possibilidade de estudar, em profundidade, um número reduzido de assuntos, ou seja: aprender a aprender, para beneficiarse das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida.”
Quando nos dispomos a “aprender a conhecer”, reconhecemos que sempre precisaremos de sólida base de saberes acumulados da humanidade, associados a meios novos para novos problemas. A televisão precisa de novos meios para novas demandas, a internet nem se fala, o tempo todo, toda hora, no trânsito das grandes cidades a motocicleta foi uma nova maneira às locomoções, aplicativos inauguram novas faces da comunicação etc.; mas, em relação a cada um de nós, é necessário que tenhamos a consciência disposta e uma humilde inteligência para mudarmos os meios, porém, sem, precipitadamente, mudar nossos princípios.
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Refletir é olhar a si mesmo e ao mundo com os ‘olhos’ da inteligência. E inteligente somos todos, afinal, a própria palavra, que é latina, acentua esta nossa capacidade: “intelligentia” é a capacidade humana de decodificar e compreender o mundo dentro de si.
Por que será que resistimos tanto em usar de nossa inteligência em sua forma mais ampla, integral, autônoma? Por que deixamos, muitas vezes, que outros ‘pensem por nós’?
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A resposta, talvez esteja em dois pontos: 1º DOMINAÇÃO e 2º ACOMODAÇÃO.
1º DOMINAÇÃO - A dominação social que hoje é quase em absoluto econômica, nos inibe em nossos reais desejos e formas de pensar, nos colocando numa situação de seres padronizados pelo e para o mercado, insossos, como a “fórmula” de pureza da água, lembram? Inodora, insípida e incolor. Só existem dominadores em qualquer frente (econômica, política, cultural etc) porque existe quem aceita e permite, conscientemente ou não, de alguma forma, ser dominado.
2º ACOMODAÇÃO - O resultado do processo dominador, quase sempre, é a acomodação. Acomodar-se é não ligar e ser indiferente à posição em que se está na vida e na realidade, abrindo mão da excelsa capacidade humana: a de escolher.
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Embora não haja a possibilidade de não-escolher (afinal, quando não escolhemos, na verdade, estamos escolhendo não escolher!), quando o fazemos (não-escolhemos), colocamos em risco nossa liberdade.
Já ouvimos ou falamos, muitas vezes, a frase: “SEMPRE FOI ASSIM”; pois é, com isso selamos nossa acomodação e nos negamos a intransferível tarefa da reflexão, afinal, para quê mudar se tudo já está consumado? Só nos resta sentar “No trono de um apartamento/ Com a boca escancarada, cheia de dentes/ Esperando a morte chegar”, como disse Raul.
Não que o mundo tenha se dividido entre líderes de si e liderados por outros, mas, sim, entre pessoas que se reconhecem como tais e pessoas que se anulam a ponto de não se perceberem. Para essas, tudo é assim porque... sim!!
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Quando assumimos a intenção de conhecer, queremos dizer ao mundo que estamos vivos e precisamos de sentido. E, somente aí, começamos a nos liderar, a querer escolher com sentido e fundamento. Conhecer é, propriamente, ‘nascer com a realidade’, é abrir-se ao mundo de tal forma, que vamos percebendo aos poucos a necessidade que o mundo tem de cada um de nós de acordo com nossos talentos e dons que podemos oferecer-lhe.
E como, também, cantava Raul: “Coragem, coragem/ Se o que você quer é aquilo que pensa e faz/ Coragem, coragem/ Eu sei que você pode mais.”
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