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A fé é um convite ao céu ou uma descida ao inferno. Não há meio-termo!
Que seja um chamado ao céu (sempre simbólico, é claro), todos podemos compreender. É parte de sua origem, é origem de seu significado.
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Que seja uma descida aos infernos é que são elas.
Na cultura da prosperidade, onde Davi vence Golias porque pagou o dízimo, o inferno é tempo presente que pelo medo e pela ignorância te leva a um céu sem assombros quanto mais rápido você deixar tudo o que tem, não para seguir e viver a irmã pobreza, mas para a conta do iluminado que prega no púlpito enquanto te prega na Cruz.
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Sem a figura do mal, demonstrado com cheiro, chifre e no rosto do diferente, muitas seitas não obteriam o sucesso que tanto buscam.
Viva o meu pastor, que nada lhe falte enquanto eu morro! Viva o meu padre, que de vestes luxuosas se vista, enquanto padeço! Viva a vida, enquanto só me resta a morte.
A fé dos infernos é a que te leva à imersão na materialidade do agora, não no sentido de elevá-la ao sentido do eterno e à irmandade universal entre todas as pessoas, natureza e cosmos, mas para que sofras as amarguras do hoje para mostrar o amanhã da glória.
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Infalível dubiedade, te faço doente para te vender a cura!
Pois bem, agora imaginemos Jesus!
Não precisa saber de teologia ou de conceitos e análises hermenêuticas, fundamentais para uma leitura atenta e histórica dos fatos, mas só se deparar com duas ou três passagens do Evangelho (“Eis que lhes trago a Boa Nova”).
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Vamos à Páscoa. Homem pobre entre os pobres, seguido por pecadores e pecadoras aos olhos do mundo, filho de um marceneiro faz-tudo e de uma mãe faz-mais-um-pouco, deu a cara a tapa e desceu à casa dos mortos.
Fez da fé ato político de luta e ajuda, cidadania da eternidade.
Nas leituras pascais, Jesus finalmente cumprirá em sua carne, osso e espírito, os desígnios do Pai. Sofrerá as maiores injustiças e maldades já vistas a um ser humano. E, como ser humano, as entende como sacrifício divino. “Pai, perdoa-lhes!”
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A PASSAGEM (PÁSCOA) para toda humanidade, se dá aí. A conclusão das promessas e a morte do filho do Homem! Por fim, reina. Em silêncio. E por bocas de humildade humana, segue na divulgação das esperanças de que foi corpo, razão e porta-voz.
E maltrapilho sobre um jumento, ironizado pelos poderosos e pela ignorância de muitos, entra em Jerusalém! Hosana, lhe dizem, mas quem? Mas com qual intuito? E segue sua jornada de remissão de todos e solidão de vida. Chorou sangue antes da entrega final. “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei!” E não esqueçam de continuar a expulsar os vendilhões a chicotadas com uma ira divina que sumiu nos dias de hoje.
Os vendilhões venceram… por enquanto. Estão nos templos e inventam novos altares em nome de qualquer um que teimam em chamar de Deus ou Cristo. Águas sagradas, curas milagrosas, pedaço de madeira tirada de campo santo. Tudo se vende, pois todos se compram, dizem eles.
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E Jesus viveu como lutou, lutou como viveu. Veio em paz e pela paz venceu o mal que não suporta calmaria, não contempla céu sem trovões, não tolera quem morre mas segue vivo.
Trouxe ideias de sonhos e conquistas, onde a dignidade não se inventa, se exige.
Defendeu o mínimo necessário para ser feliz, pagou pelo máximo desperdício que nos consome. De cima do monte onde o diabo atordoa, disse não para toda forma de poder. Nesse mundo todo poder é corrupção, rouba e expropria dignidades. Nesse mundo, o céu se inicia onde amor é igualdade, vida plena é justiça e o caminho é coletividade em ajuda mútua.
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O mal capital também é o capital que é mal. Cada tempo os seus obstáculos. Cada templo um obstáculo? Assim, uma coisa só permanece, o poder e a posse daquilo que de todos é produção, força e cansaço.
Mas em cada superação, uma troca de eternidades. Gentileza gera gentileza.
E o nazareno morreu contra toda meritocracia!
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Morreu, mas, para os cristãos, já não morre mais! Síntese de começo e fim de tudo e todos.
Decidiu pagar o preço do caminho, da verdade e da vida! Pagou.
Contra toda esperança terrena, abriu um céu no meio da Terra!
Carinhosamente, aos cristãos. Feliz páscoa!
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