José Renato Nalini
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Quantos milhões de brasileiros se abstiveram de votar?
Ao contrário dos Estados Unidos, onde o voto é facultativo, aqui no Brasil ele é obrigatório. Ainda assim, há quem deixe de exercer esse dever/direito. Para quem se omitiu propositadamente, inadmissível possa vir a reclamar de políticas públicas com as quais não concorda. Quem não participa também não deve opinar. Aspectos atitudinais – não participar, voluntariamente, do pleito – têm consequências.
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É claro que a abstenção pode resultar de outras causas. A miséria. Alguém que está procurando restos de alimentação para almoçar, não considera o voto um gênero de primeira necessidade. Talvez a maior parte dos trinta e três milhões de brasileiros que passam fome não tenham tido condições de exercer essa partícula de cidadania que lhes restou.
Houve resistência ao fornecimento de condução, que facilitaria a locomoção do eleitor até o local da votação. Houve necessidade de intervenção judicial. O Judiciário é chamado e não pode deixar de atender à demanda de quem vê obstáculos na fruição de direitos fundamentais. E isso nem era necessário. Existe lei garantindo transporte gratuito no dia da eleição desde 1964, graças ao grande brasileiro que foi Etelvino Lins.
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O Brasil ostenta uma chaga vertendo vergonha que é o número de analfabetos: mais de sete milhões. Entre estes, a abstenção atinge 52%. Já na faixa dos pós-graduados, deixaram de votar cerca de 12%. O letramento implica ou não em maior participação na vida pública?
Os Partidos Políticos, que chegam a quase quarenta e cujo número tende a crescer, diante dos pedidos de criação de novas legendas ainda em curso, deveriam utilizar boa parte dos recursos que o povo sofrido assegura a eles, para uma verdadeira educação política. Existem os “Institutos”, cuja finalidade não poderia ser outra. Desconheço o que têm feito para contribuir na formação de um eleitor crítico, lúcido, capaz de enxergar a situação em sua complexidade.
Ainda defendo que uma nação que já tem trezentos milhões de mobiles, ou sejam – celulares, smartphones, tablets, nobetooks e computadores pessoais – realize eleições pela internet. O dinheiro gasto com a logística tradicional pode ser aplicado no aprimoramento de sistemas de controle. Hoje, não há quem não saiba se utilizar desses aparelhos e deixe de participar das redes sociais. Por que não facilitar a vida do cidadão?
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* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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