José Renato Nalini
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A República provida de mais faculdades de direito do que a soma de todas as outras, espalhadas pelo restante do planeta, é uma pródiga fábrica de bacharéis em direito. Nem todos eles se tornarão advogados. Precisam superar a barreira do chamado Exame da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, a entidade que credencia o diplomado em ciências jurídicas a exercer a advocacia.
A dificuldade do Exame de Ordem nem sempre reside no essencialmente jurídico. Padecem os bacharéis das carências da alfabetização, que é muito mais do que soletrar palavras, conseguindo extrair sons e sentido de uma coleção de signos. A escola convencional está de certo modo necrosada. Ela impõe à criança e depois ao adolescente, a missão de decorar informações. Como se estas não estivessem acessíveis a um clique e em disponibilidade nunca vista na história da humanidade.
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Sem estimular o educando a ler continuamente, a escrever bastante e a falar com correção, o número de analfabetos funcionais é imenso. E chega à Universidade e até à Pós-graduação.
Por isso, talvez o surgimento do ChatGPT seja um desafio que vai fazer com que as Faculdades de Direito repensem, por si mesmas, o anacronismo do ensino e forneçam ao alunado condições de competir com a Inteligência Artificial.
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O ChatGPT já possui mais de cem milhões de usuários, embora seja uma criação recente. Ele cria textos em segundos e com qualidade. Consegue elaborar dissertações, teses, enquanto que a redação de contratos, selecionar jurisprudência ou encontrar doutrina antagônica e sugerir aquilo que mais gostamos de fazer: encontrar na flexibilização uma síntese, é uma brincadeira.
É claro que para os inteligentes, a ferramenta auxiliará um desempenho excepcionalmente eficiente. Os que não souberem se servir dela se apavorarão e, com enorme probabilidade, perecerão.
É urgente que os velhos e esclerosados departamentos ainda oriundos da tradição romana sejam revisitados. A tecnologia merece lugar de honra nos Cursos Jurídicos. Vencerão os que souberem se servir da Inteligência Artificial para torna-los mais rápidos e oferecerem soluções imediatas para os que necessitarem fugir às tramas labirínticas e tantas vezes cruéis do território forense.
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Aja com pressa e com juízo: quem não se entender com a tecnologia corre o risco de ser descartável.
* José Renato Nalini é Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.
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