José Renato Nalini
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A inteligência artificial aos poucos se apropria de espaços até então reservados à mente humana. Imprevisível o seu avanço e o prognóstico de quais as funções das quais ela se encarregará, poupando os humanos. Mas também privando-os de atividades geradoras de rendimento suficiente para a sobrevivência.
Um exemplo muito singelo é suficiente para evidenciar a contundência das modificações. Os celulares, que surgiram para substituir o telefone fixo, agora fazem quase tudo. Inclusive fotografam e filmam.
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Isso, em tese, reduz o âmbito de prestação de serviços do fotógrafo. Principalmente para aquelas pessoas que só querem registrar imagens para si mesmas, sem a preocupação com estética ou arte sofisticada, o smartphone substitui, sem prejuízo – até com vantagens – as fotos produzidas em estúdio.
É evidente que sempre haverá um nicho privilegiado para os grandes fotógrafos, verdadeiros artistas, que continuarão a produzir. Mas o fotógrafo prestador de serviço tem evidente redução dos chamados que poderia atender.
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Uma outra ferramenta recente foi a ChatGPT: ela consegue criar histórias a partir de sugestões dos usuários e responder às questões formuladas. Servirá para que os alunos tentem se antecipar às avaliações, imaginando as questões que os professores poderão fazer?
Sabe-se que aplicativos já utilizados na Europa se encarregam de elaborar petições e de minutar decisões judiciais. Isso impactará o exercício das profissões jurídicas?
O Brasil tem hoje necessidade de pessoas que recuperem áreas degradadas e destinadas à desertificação, por equivocada e egoísta concepção do que deva ser a natureza. Profissões botânicas, formação de engenharia florestal, agronomia, biologia, são cada vez mais necessárias. Mas também ocupações menos sofisticadas, como a de jardineiros, cuidadores de espaços cultivados, profissionais especialistas em coletar sementes, semear, acompanhar a germinação e preparar mudas, criação de viveiros, tudo isso é algo de que o país tem urgente necessidade. E, por enquanto, ainda longe de substituição por uma inteligência artificial. Esta é instrumento, ferramenta, não pode tornar despicienda ou inócua a participação humana em relação à grande tarefa de repor o verde exterminado pela insanidade que acometeu boa parte da nação.
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