A empreendedora cívica, mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala, na Suécia e autora de “Segurança Pública para virar o jogo”, Ilona Szabó de Carvalho, alertou o Brasil quanto à última chance que ele tem de liderar a revolução verde tão urgente para salvar o planeta.
Aquele discurso pífio de que a soberania impõe o isolacionismo em relação à Amazônia e que os países desenvolvidos não têm legitimidade para impedir sua destruição, porque antes disso exterminaram suas florestas, é totalmente imbecil. Além de tudo, empurra o Brasil para o obscurantismo, algo que já dispõe de milhões de adeptos.
O Brasil, ao menos no discurso, deixou de ser o “Pária Ambiental” dos últimos anos. Tem condições de liderar os processos direcionados a incrementar uma economia verde, uma verdadeira descarbonização e mitigação dos efeitos danosos da mudança climática propiciada pelo efeito-estufa. Mas ele precisa dizer de que lado está.
Continuará a ser mero exportador de comodities, ainda acredita na infinita exploração de combustíveis fósseis venenosos, como a gasolina extraída do petróleo? Continuará a propor que cada habitante deste continente possua seu próprio carro, sua usina poluidora particular? Deixará que a criminalidade organizada e sem pátria persista na deliberada destruição dos nossos Biomas? Permitirá que o escândalo da falta de regularização fundiária se perpetue, até que os brasileiros tenham cedido todo o seu patrimônio territorial para a delinquência, cada vez mais organizada e cada vez mais sofisticada?
Ilona é bem eloquente: “Terá que decidir o que quer: ser um país de vanguarda que concluiu uma transição integral e coerente, que desponta na produção e exportação de produtos verdes de alto valor agregado, ou a última grande economia “suja”, que fornece insumos para a pequena demanda remanescente da velha economia, às custas dos seus recursos naturais e biodiversidade, e de conflitos sociais cada vez mais intensos. São cenários bem diferentes”.
Não se espere muito juízo do governo, movido por interesses nem sempre coincidentes com o da população. Esta é que deve se indignar e exigir do governante, seu servidor, não seu senhor, atenda às finalidades do bem comum e obedeça ao mandante, na condição de mero mandatário.
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.