José Renato Nalini

Tudo acabando...

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Os brasileiros não têm como principal preocupação a prática de esportes de inverno. Apenas alguns privilegiados conseguem viajar para os Estados Unidos, Chile ou Argentina, para ficar por aqui. Outros, mais privilegiados ainda, conseguem esquiar na Suíça, na França, na Alemanha e na Escandinávia.

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Só que isso tende a acabar. Uma avaliação feita pelo Instituto Federal de Tecnologia de Zurique chegou à triste constatação de que as 1.400 geleiras da Suíça perderam mais da metade de seu volume total. O recuo do gelo está se acelerando. Em apenas seis anos, ele encolheu mais de 12%.

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É a resposta das geleiras ao aquecimento global, que a parte idiota da sociedade insiste em negar. O gelo que cobre as montanhas suíças é mais da metade de todas as geleiras existentes nos Alpes europeus. Os esquiadores logo mais terão de se recordar com as fotos ou filmes, pois o esporte físico tende a desaparecer mais rapidamente do que se poderia imaginar.

De igual forma, os pescadores que gostam de temporadas no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul vão se despedir desse entretenimento. O Pantanal logo vai deixar de ser a área mais úmida do Brasil, para equivaler à aridez desértica de algumas regiões nordestinas.

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O desmatamento na Amazônia acaba com os “rios voadores”, desequilibra o regime de chuvas, faz com que inúmeros cursos d’agua sofram assoreamento. Vão acabando os peixes, desaparece a vegetação e a secura morta ocupa o espaço do qual o homem não quis cuidar.

Mais um dos cruéis paradoxos brasileiros ocorre com o nosso ambiente. Existe notável incremento da ciência e da tecnologia, ambas a favor da preservação ecológica. É animador saber que cientistas da Universidade Federal de Viçosa conseguem fazer com que as árvores condenadas à extinção com o rompimento da barragem de Brumadinha sejam clonadas e permitam se recupere a vasta área afetada pelo desastre ambiental. É o uso da técnica denominada “resgate de DNA” com indução do florescimento precoce de espécies vegetais nativas.

Com esse processo, a região devastada poderá contar, no futuro, com espécies como ipê, jequitibá, jacarandá e pequi, dentre outras. Mas é um processo dispendioso, envolve o trabalho de muitos cientistas e pesquisadores e se faz em escala mínima. Ao contrário, em larga escala o Brasil continua a destruir sua biodiversidade. E os céticos poderão até invocar o exemplo da Suíça, dizendo com sarcasmo, que “não é só aqui”.

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* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.

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