José Renato Nalini

Trocar 6 por meia-dúzia

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            Como são frágeis os instrumentos de que dispõe a República Federativa do Brasil para se tornar um Estado sério. A imensa estrutura do sistema Justiça – aqui incluídas as Polícias, a Defensoria Pública, o Ministério Público, o Judiciário, as Procuradorias, a Segurança Pública e a administração penitenciária, além da imensa legião de advogados – não tem sido suficiente para erradicar – ou ao menos mitigar – aflições crônicas e aparentemente insolúveis.

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            A exclusão talvez seja a maior mácula tupiniquim. A desigualdade social. Escancarada pela fome e pela insegurança alimentar. A falta de empregos e de perspectivas. A inflação, que voltou galopante. Os orçamentos secretos. Os “Fundões” Partidário e Eleitoral. Com a tecnologia disponível, porque esses quase seis bilhões desperdiçados, enquanto o povo passa fome?

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            A deliberada destruição do maior patrimônio brasileiro, que é sua floresta, seu verde, sua biodiversidade, sua orla, hoje toda ocupada pela especulação e poluída. O extermínio dos indígenas. A proteção aos grileiros, aos exploradores de minério em demarcações.

            As viagens nababescas de autoridades dos três poderes. É o povo quem paga ou os interessados naquilo que é obrigação de um servidor público, ainda que esteja no ápice da pirâmide? O sigilo decretado nos cartões corporativos. As ameaças à mídia. O boicote às nações que querem ajudar a preservação da Amazônia. As ofensas a países estrangeiros que só querem e pretendem ajudar o Brasil a sair do subdesenvolvimento.

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            Os escândalos se avolumam. A corrupção corre solta. Uma corrupção que começa bem indigente, aquela típica a quem não enxerga o ridículo de explorar carentes e desfavorecidos, mas que ganha corpo e se entranha em todas as maiores estruturas estatais.

            As duas maiores máculas da desfaçatez que se instaurou na República estão na Educação e no Meio Ambiente. Quando se descobre a malversação da mais importante política pública, a educação, deixa-se no comando alguém que participou dos descalabros. Quanto ao Meio Ambiente, a queda do autor do “solta a boiada” não arrefeceu o clima de terror no desmatamento, na grilagem, nos incêndios criminosos. Ao contrário! Tudo lamentavelmente aumentou! Pobre Brasil, especialista em trocar seis por meia dúzia.

* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.     

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