O desastre que já chegou à Terra e que mostra a palpável realidade do desaparecimento de qualquer espécie de vida, tamanha a insensatez perpetrada contra a natureza, não desperta os políticos, nem os empresários, nem os demais poderosos.
Apenas algumas almas sensíveis são capazes de detectar a dimensão da desgraça. Por isso, resta apelar para os poetas, para os filósofos, para os escritores, para os fotógrafos, pintores, artistas plásticos, grafiteiros, músicos, intérpretes e outros humanos providos desse especial talento para detectar o que a fatia rude do “sapiens” não é capaz de enxergar, que façam um esforço para salvar o planeta.
Muitos já estão fazendo isso. assim a ArtBO, a feira de arte na Colômbia que expõe pinturas, desenhos, vídeos e instalações nessa Feira Internacional de Arte de Bogotá. Ali se pode enxergar o vede das árvores, folhas, flores, a beleza luxuriante que está desaparecendo.
Selvas figurativas de Tatiana Arocha, os rios em grafite de Santiago Reyes, a vegetação aquática de Brenda Cabrera, as árvores de arame de Luis Fernando Pelaez.
O questionamento da exposição é a crise ambiental. E o Brasil deveria, neste momento dramático em que arde em chamas, em que a água vai acabando, a poluição aumentando, o volume de resíduos sólidos crescendo de forma desmesurada, congregar os seus artistas e fazer manifestações que chegassem à consciência da população.
A sociedade civil não tem exigido do governo, que existe para servi-la, uma atitude responsável diante dos descalabros intensificados. Não é possível entregar este país, que já foi considerado “promissora potência verde”, e que foi reduzido a “pária ambiental”, ao final melancólico de uma terra devastada, imprópria para a vida, um grande deserto onde será quase impossível a persistência de qualquer espécie de existência viva.
Os artistas já estão sofrendo com a emergência ambiental, que afeta a todos, mas principalmente aos mais frágeis, vulneráveis, excluídos, carentes, pobres e enfermos. Idosos e crianças, as vítimas preferenciais. Só a arte pode sacudir a mentalidade inerte e passiva que apenas observa a tragédia, como se ela não lhe dissesse respeito.