natureza ensine aos humanos alguma coisa. Ainda é muito tímida a utilização das estratégias de soluções baseadas na natureza SbN, mas elas tendem a avançar, à medida em que a população deixar de ser ecologicamente iletrada e compreenda a sua responsabilidade ante as emergências climáticas.
A catástrofe ambiental não é ameaça remota. Ela acontecerá, inapelavelmente, como já tem acontecido em boa parte do planeta. Inclusive aqui, no abençoado Brasil.
O que as cidades podem fazer para minimizar os efeitos desses desastres “não naturais”? Sim. Eles só acontecem porque a humanidade foi cruel para com o ambiente. Este responde como sabe: mediante fenômenos extremos, os desastres que muita gente incauta chama de “naturais”.
As soluções baseadas na natureza são projetos de bioengenharia que enfrentam de forma racional os desafios socioambientais mediante uso de princípios e processos inspirados nos ecossistemas naturais.
Jardins de chuva, parques lineares, restauração de encostas, são providências que mimetizam a natureza e tornam as cidades menos vulneráveis. Não têm o condão de evitar os fenômenos. Estes virão, com certeza.
Mas a responsabilidade é da ocupação desordenada, sem respeito às bacias hidrográficas e sem fiscalização por parte do Poder Público.
As soluções baseadas na natureza deveriam entrar no radar da construção civil, deveriam ser disciplina obrigatória nos cursos de
Arquitetura e engenharia, ser alvo de cursos de CREA, IAB e demais entidades que congregam urbanistas e pensadores que idealizam e fazem funcionar as cidades.
Toda cidade precisa fazer seus “jardins de chuva”, ou sistemas de biorretenção. Espaços instalados nas ruas para absorver parte das chuvas, diminuindo o impacto dos grandes volumes de água. Tecnologia simples e de fácil manutenção.
Um remédio, embora paliativo, para a insensatez da construção de cidades impermeáveis, mais amigas dos automóveis e mais hostis aos humanos. Por incrível que isso possa parecer.
Ainda há uma chance de aprender com a natureza. Não a percamos!
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo