José Renato Nalini

Seca no Amazonas: quem diria?

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Parece incrível, mas o Brasil é o país em que a incredibilidade ganha de lavada. O Estado do Amazonas sofre uma grave seca, suficiente para afetar o transporte fluvial, o turismo e o abastecimento da população. Dezessete cidades encontram-se em situação de atenção e outras trinta e quatro em estado de alerta.

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Noticia-se que o Rio Negro, um dos mais importantes da região, estava no último final de semana de outubro com nível de 13,56 metros, quando no mês de junho de 2021 estava com quase 30 metros.

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O fenômeno deriva de poucas chuvas, ocasionadas pelo desmatamento feroz. Isso deverá ser discutido no final do mês, durante a COP 27, a ser realizada no Egito. O que o Brasil terá a mostrar?

A vazante nos rios amazônicos nunca esteve tão a perigo. Na Amazônia, os rios são a ferramenta da mobilidade. Meio de transporte para pessoas e mercadorias. Mas também atendem à vocação turística. Milhões de pessoas, em todo o planeta, gostariam de conhecer de perto a “Hileia Amazônica”. Os guias turísticos estão muito preocupados. Há riscos permanentes de bancos de areia que fazem surgir “praias” e que impedem a continuidade da viagem. Não é possível permanecer no interior do barco à espera de chuvas...

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O Rio Negro está em processo de vazante e em todas as estações, seus níveis estão muito próximos ao limite inferior da normalidade. Em Manaus, observa-se um decréscimo da ordem de dezenove centímetros por dia. O encalhe de embarcações impede o transporte, inibe o abastecimento, acaba com o turismo. Ninguém quer viajar para observar leito seco de rios que já foram caudalosos.

Mais importante e mais sério do que isso, a falta de chuva mata a floresta. A cada três árvores mortas como resultado da seca, há uma quarta que morrerá por falta de chuva. As florestas se cansaram de emitir pedidos de socorro. Agora simplesmente morrem.

Sabe-se que a Floresta Amazônica é o ecossistema provido de maior biodiversidade e exerce fundamental papel na regulação do clima terrestre. As secas refletem o aquecimento global e ficam mais drásticas em virtude do desmatamento. Nada que não se sabia. Mas nada que motive o Brasil a procurar socorrer seu mais importante bioma.

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* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.  

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