José Renato Nalini
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O Brasil está na contramão da economia planetária. Todos os países civilizados permitem o jogo, que é algo ínsito à natureza humana. O “homo ludens” é tão real como o “homo economicus” ou como o “homo sapiens”.
Uma hipocrisia bem fantasiada de invocações moralistas e religiosas dizem que o jogo pode esfacelar a família. O jogador deixaria de alimentar seus filhos para jogar. Na verdade, o que se teme é que o jogo desvie dinheiro do dízimo, tão fielmente pago pelos crentes mais ingênuos e mais suscetíveis à pregação anacrônica.
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Enquanto se sustenta a vigência do esclerosado Decreto-Lei 3.688/1941, a surreal Lei das Contravenções Penais, a jogatina online é praticada por milhões de brasileiros que enriquecem as empresas estrangeiras ou apátridas. Bancadas interessadas em carrear o dinheiro do pobre para as suas empreitadas confessionais brecaram o PL 442/91, paralisado no Senado.
As loterias continuam repletas. A aposta em jogos de cavalo é permitida. A Lei 13.756/18 tentou introduzir a aposta de quota fixa, a ser explorada mediante autorização ou concessão do Ministério da Fazenda. A falta de regulamentação do tema evidencia o quão fortes são os interesses contrários, travestidas do discurso confessional e moralizante. Quanta verba deixa de ser destinada à educação e à cultura! Surreal que isso aconteça em 2023.
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Enquanto isso, os estrangeiros levam o suado dinheiro brasileiro. Que também deixa de empregar milhões de pessoas se os cassinos retornassem e recebessem os ricos de todo o planeta, ávidos por reencontrarem o paraíso que aqui existia antes que uma primeira dama fizesse com que o marido vedasse o jogo. Cantores, artistas, músicos, garçons, cozinheiros, perderam oportunidade de ganhar dinheiro lícito.
Construções dispendiosas na Urca, em Poços de Caldas, em Santos e em outras cidades ficaram desativadas e os que viviam de suas atividades turísticas restaram desempregados e arremessados à informalidade.
Continuemos a multiplicar os empregos no exterior. País rico é assim mesmo. Não faz questão de sustentar os seus filhos. Esbanja com a prole alheia.
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* José Renato Nalini é Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.
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