José Renato Nalini

Reflorestar é lucrativo

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Depois da Amazônia, o bioma que mais tem sofrido perdas é a Mata Atlântica. Esta área aqui tão próxima. Nem nos damos conta de que estamos exterminando a cobertura vegetal e fabricando desertos. Antes que eles venham, haverá muito deslizamento de terra, inundações, erosões e mortes. 

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Para recompor a Mata Atlântica, é preciso replantar mais de um bilhão de espécies nativas. Diante de uma cifra como essa, a sensação é a de que não adianta fazer nada. Falso! Se você plantar ao menos uma árvore, já não faltarão um bilhão, mas 999.999! Pense em como reduzir esse déficit. Se não quiser agir pessoalmente, há entidades que cuidam disso. Tanta gente precisando de emprego! Por que não formar cuidadores, responsáveis pela coleta de sementes que se perdem, instalação de viveiros, obreiros que se disponham a aprender a plantar e a zelar pelo desenvolvimento da árvore.

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Todo reflorestamento é benéfico. Num âmbito bastante amplo, aprimora o clima. Devolve oxigênio à Terra. Elimina os gases causadores do efeito estufa. Mas há projetos localizados bem importantes. É o que se faz no sul da Bahia, quanto à recuperação dos cacaueiros dizimados pela vassoura-de-bruxa, peste que, causada por fungos, atormentou os plantadores de cacau por mais de trinta anos. 

Os agricultores usam o sistema cabruca, no qual os cacaueiros ficam sob a sombra de árvores nativas da Mata Atlântica. O produto é mais puro, atende às exigências da sofisticação da indústria de chocolate suíça. Desenvolveu-se um método que aprimora e automatiza a maneira tradicional de preparação das amêndoas, sementes de caca que já não podem germinar.

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O processo é simples. As sementes são guardadas em barris plásticos vedados e ali permanecem por quinze dias. Uma mangueira conecta o ambiente interno a uma garrafa com água a fim de retirar o ar gerado na fermentação. Ao final dessa etapa, tem-se uma amêndoa amarronzada, característica da boa qualidade. Ela perde o amargor, não tem adstringência nem acidez. Corrige-se, de tal forma, defeito que está em praticamente 90% das amêndoas no Brasil.  

Essa metodologia garante um preço melhor, comparado ao das demais sementes, vendidas como comodities, sem valor agregado. E para funcionar, precisa da sombra das árvores nativas da Mata Atlântica. Bom negócio para todos: os produtores e para a natureza. 

*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.

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