José Renato Nalini
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Foto: Kelly/Pexels
Todos sabem que a Amazônia está sendo celeremente destruída. Entregue à sanha criminosa das organizações delinquenciais apátridas. Grilagem, desmatamento, incêndios e exploração de minérios. Em áreas públicas. Ou seja, é o povo brasileiro que está sendo empobrecido ante a ganância da ilicitude.
Escreve-se muito sobre a milionária e exuberante biodiversidade, sobre a bioeconomia que salvará a população nativa e, por tabela, a própria Amazônia, sobre os valiosos créditos de carbono que poderão ser vendidos e reabilitar a economia tupiniquim.
Tudo muito no âmbito do discurso, da parolagem, das declarações edificantes. E na prática, o que se faz?
Não vejo projetos consistentes de recuperação das áreas degradadas. Até a insuspeita ministra do agronegócio do governo passado admitiu que não seria necessário cortar uma árvore mais, pois havia milhões de hectares desmatados, à espera de recomposição.
Em lugar disso, desenvolve-se o projeto ambicioso Amazon Face, para verificar como a floresta se comporta sob maiores concentrações de CO2 no ar. Os pesquisadores instalaram torres que formam círculos em áreas florestais nas quais bombearão dióxido de carbono. O custo do projeto é de quase quatrocentos milhões de reais. O governo britânico liberou mais de quarenta e cinco milhões para esse projeto desde 2021.
Interessante. Mas será que não seria prioritário recompor a mata exterminada? Com esse dinheiro, não seria mais conveniente pagar pelos “guardiões da floresta”, formar equipes de plantadores, formar viveiros, pagar para que o povo se converta em preservacionista e não trabalhe para os bandidos que controlam a região?
Não seria interessante regularizar a vasta gleba amazônica que padece de indefinição fundiária? Tudo bem que se ouse em termos de sofisticação tecnológica e científica. Mas aquilo de que a Amazônia necessita é algo mais trivial: é gente que aprenda a defendê-la. E isso é menos dispendioso e mais eficaz do que desenvolver pretensiosos projetos com dispêndio que não existe para o dia-a-dia: impedir que a última grande floresta tropical do planeta desapareça da face da Terra.
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.
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