José Renato Nalini

Promessas fúteis

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Em 2009, os países ricos prometeram doar cem bilhões de dólares anuais, a partir de 2020, para ações de mitigação dos efeitos do aquecimento global. Eram onze anos de carência, mas vamos entrar em 2023 e os cem bilhões – agora deveriam ser quatrocentos, se consideramos 2020, 2021, 2022 e 2023 – não vieram.

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Isso evidencia a irresponsabilidade dos governos e a inocuidade de encontros que só emitem mais gás carbônico e atendem a objetivos exatamente contrários aos das propostas. Pois as COPs são também envolvidas por grupos contra o ambiente, que destroem os biomas, que exterminam a biodiversidade e que só pensam em lucro.

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Promessas, promessas, discursos vazios que não mudam a situação cada vez mais dramática. Desculpas existem e nem sempre são esfarrapadas. Agora invoca-se a pandemia, a guerra na Ucrânia, a crise energética na Europa. Mas como responder aos incêndios registrados em todo o Velho Continente, as secas que impediram navegação no Reno e no Danúbio, as nevascas, os furacões, os eventos climáticos insólitos, mas inteiramente explicáveis pela ciência?

Enquanto isso, os Estados Unidos ganharam o primeiro lugar do Prêmio “Fóssil Colossal”, destinado aos piores países em termos de tutela ecológica. A Rede Internacional de Ação Climática acusa o governo ianque de oposição à criação de um Fundo de Compensação por perdas e danos aos países vulneráveis. Também contemplou em segundo lugar a Rússia, porque não se posiciona objetivamente a favor da natureza. E nosso Brasil, que se orgulhou de ser “Pária Ambiental”, depois de ter sido “Promissora Promessa Verde”, ficou com uma lamentável “Menção Desonrosa”, porque mente ao dizer que a Amazônia está intacta hoje, em 2022, igualzinha à que era em 1500. Ao contrário, registrou-se nefasto aumento das emissões dos gases venenosos causadores do efeito-estufa, em virtude do desmatamento e dos incêndios na Amazônia.

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O mundo não sabe que todos os demais biomas também estão sendo dilapidados. Qual saúva faminta, a especulação, a cupidez, a ignorância e outros fatores reduzem, drasticamente, a nossa Mata Atlântica. Quem sofrerá primeiro? A parcela mais carente da população. Quem mais? As crianças e jovens. E quem responderá por essa conduta delinquencial? Pergunta até o momento sem resposta.

* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.   

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