José Renato Nalini
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Seria tão bom poder falar apenas de coisas boas. Acreditar que o Brasil já não quer ser “Pária Ambiental”, que o discurso da boiada foi coisa do passado, que reassumimos a nossa vocação de promissora potência verde, capaz de salvar a humanidade em sua caminhada rumo ao caos.
Infelizmente, não é o que sugere o noticiário. Depois do dia mais quente já registrado no planeta, dia 3 de julho, o mundo bateu novo recorde de calor extremo pelo segundo dia consecutivo, ou seja, 4 de julho de 2023.
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Isso provém das mudanças climáticas provocadas pela ação humana em conjugação com o “El Niño”, o fenômeno que de quando em quando aquece as águas do Oceano Pacífico.
Pode-se dizer: o Brasil não é banhado pelo Pacífico. Por que se preocupar? Porque o Brasil é um dos países mais vulneráveis do planeta. Está nos trópicos, onde o calor já é maior. A natureza o recompensara com a Amazônia, a última grande floresta tropical do mundo. Mas a ignorância, que rima com ganância, fez com que essa cobertura vegetal fosse reduzida em sua capacidade de absorver gás carbônico, a ponto de ser ela hoje mais emissora do que sugadora do veneno que matará a humanidade e todas as demais espécies de vida.
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Mais diretamente associada à nossa incapacidade de administrar a gravíssima crise climática está a poluição que todos provocamos. Nossas ruas estão testemunhando a nossa irresponsabilidade. Descartamos tudo. Não reciclamos quase nada, a não ser aquilo que resulta da coleta feita por verdadeiros heróis. Que trabalham com reciclagem por necessidade, mais do que devido à consciência ecológica.
Não sabemos respeitar nossa água doce, fonte e razão de vida. Nossos grandes rios se transformaram em coletores mortos de fezes e de substâncias venenosas, expelidas por indústrias sem alma, além de repositório de tudo o que não nos interessa mais: carcaças de automóveis depenados, móveis velhos, geladeiras que não funcionam, tudo o que é prova da imundície e da insensibilidade da única espécie que se auto considera racional. E aí? Dá vontade de falar em coisas boas? O que estamos fazendo para salvar o planeta e a humanidade? Algo de concreto, não mero discurso, estéril e inútil?
* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.
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