José Renato Nalini

Patriotismo é utopia?

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Divulgação: أخٌ‌في‌الله /Unsplash

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O filósofo Luc Ferry lamentava a perda de patriotismo na França. Dizia que em seu tempo de ensino fundamental, se a professora indagasse quem morreria pela Pátria, a unanimidade dos alunos se levantaria e responderia “Sim”.

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Hoje, se idêntica pergunta for feita, merecerá indiferença ou deboche. Desapareceu o amor à Pátria. Substituído por ira fanática, agressões verbais e físicas, invocação a símbolos inspiradores de violência e intolerância.

Entretanto, o sentimento de amor à Pátria já se manifestou de forma ardorosa em São Paulo, com as primeiras turmas das Arcadas, a Faculdade de Direito criada em 1827 e instalada em 1828.

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Eram apenas duas as escolas jurídicas no Brasil: Olinda e São Paulo. Hoje, o país tem mais Faculdades de Direito do que a soma de todas as demais, espalhadas pelo restante do planeta. Por isso é que o Brasil é a terra em que a Justiça impera e inspira.

Quando os bacharéis, depois de cinco anos, deixavam São Paulo para voltar à sua província natal, despediam-se chorando, porque haviam se afeiçoado a Piratininga. E deixavam registrado esse amor. Um exemplo: Lúcio de Mendonça, no texto “Adeus a São Paulo”, publicado em “A Província”, que antecedeu o “Estadão”, louvava a terra onde aprendera o que significa liberdade. E dizia que o planalto paulistano era tão alto, “que de lá se avista o futuro do Brasil inteiro”. Confessava que em São Paulo “nutri-me do pão dos fortes, enrijei-me às auras vitais daquela terra; bebi a longos sorvos o seu alento vigoroso; aqueci o peito ao calor do seu peito de gigante; penetrei-me da sua energia selvagem; verme, senti arrojos de água; encarei de face com o sol; antevi, em sonhos grandiosos, o largo destino da pátria republicana e, no solo paulista, tive orgulho de ser brasileiro”.

Quem é que hoje tem coragem de repetir, ainda que com outras palavras e no estilo da época, sentimento de idêntica intensidade em relação ao seu solo natal? O ensino do direito está ensinando também o amor à Pátria, o amor à cidade em que se nasceu, o amor à origem e à história de nosso país?

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*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.

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