José Renato Nalini
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Pouco ainda se costuma celebrar a unidade territorial brasileira, cotejada com o esfacelamento das colônias espanholas, que se multiplicaram em inúmeros países. Portugal não tem tantos créditos assim, na preservação desta nação continental, que se manteve íntegra e coesa, mesmo depois da Independência de 1822.
Isso porque o Brasil já dispunha de patriotas bem formados, que hauriram conhecimento em Coimbra, mas eram animados por fervoroso amor ao berço natal. Estes não compactuavam dos ideais republicanos, pois sabiam o que aconteceria com esta pátria, mirando-se no exemplo de tantas republiquetas próximas.
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O jornalista Hipólito da Costa foi um desses brasileiros ciosos de que o Brasil deveria permanecer monarquia e que a preservação da monarquia portuguesa residia na América e não na Europa. Textualmente: “Portugal é um Estado mui pequeno para deixar de ser influído na Europa pelas potências maiores; a sua consideração principal lhe provém de suas possessões ultramarinas destas, é o Brasil a mais importante, e os produtos daquele país são os que, por muitos anos, têm mantido o comércio e a navegação portuguesa. Em uma palavra: o soberano do Brasil é a primeira personagem na América, tanto em poder, como em representação. Que contraste não apresenta este mesmo soberano na Europa? O reino de Portugal, cercado de terra pela Espanha, sujeito a ser bloqueado por mar, por qualquer insignificante esquadra; precisando de estrangeiros, até mesmo para o sustento ordinário da vida, porque não tem em si nem pão, nem carne, que lhe baste para matar a fome; falta de recursos pecuniários tendo todas as suas relações com potências tanto mais poderosas. Que influência pode ter Portugal nessa parte do mundo?”.
Enquanto isso, o Rei do Brasil teria de ser cultuado pelas nações europeias, necessitadas das mercadorias que aqui se produziam. Portugal deveria ter pressentido isso, ao invés de permanecer no Brasil. O Portugal poderoso do início da Idade Moderna passou a viver em função de seu vasto império ultramarino, do qual o Brasil era a estrela maior.
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O único erro de percurso foi o golpe republicano. Trocamos um estadista respeitado em todo o planeta, por uma sucessão de personagens das quais não se pode afirmar tenham sido melhor troca para o povo e para a nação.
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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