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Ele se chama calor. Isso mesmo: as mudanças climáticas fizeram do planeta Terra uma esfera mais quente. A China registrou em julho temperaturas superiores a 50 graus centígrados e nos Estados Unidos a cidade de Phoenix chegou a 43.
Calor excessivo afeta os sistemas cardiovascular, respiratório e renal. O coração passa a bombear mais sangue e faz a quentura se transformar em suor. Batimentos cardíacos mais rápidos exigem mais oxigênio. O suor desidrata e causa problemas renais.
Outro fenômeno causado pela temperatura elevada é a insolação. O corpo não consegue superar o calor e isso causa confusão mental, perda de consciência e convulsões. Tudo é muito pior para quem já sofre de doença cardiopulmonar. Os idosos têm, por natureza, dificuldade de termorregulação. Por isso é que a mortalidade entre os maiores de 65 anos aumentou 68% nos últimos anos, de acordo com o relatório anual Lancet Countdown de 2022.
É a Terra mais infernal. A temperatura excessiva já levou mais de 61 mil pessoas na Europa no verão passado. O estresse térmico só tem aumentado e não há dúvida de que é a ação do homem que causa nociva emissão de gases causadores do efeito estufa.
Os eventos climáticos extremos triplicaram neste século. Tal não teria ocorrido se não houvesse o recrudescimento da mudança do clima resultante da emissão de CO2. Essas ondas de calor são chamadas de assassinas silenciosas, pois crescentemente mortíferas.
Há um conjunto de circunstâncias que torna ainda mais grave a subida dos termómetros. A incidência de vento, a radiação solar e a umidade. A presença de árvores faz diminuir a sensação de calor. Mas o plantio é muito reduzido, anda à velocidade de quelônios, enquanto a derrubada de exemplares saudáveis, para atender à cupidez humana, caminha ao ritmo da luz.
Urge que os indivíduos, integrantes dessa ficção chamada “sociedade civil”, se encarreguem de exigir compostura e responsabilidade ao Estado. Infelizmente, os governos pensam exclusivamente em dois temas: eleição e reeleição e a obtenção de vantagens. O interesse das futuras gerações é negligenciado e a cada gestão, intensifica-se o mau uso dos recursos naturais. Todos os governos devem ser obrigados a cumprir, com exatidão, o artigo 225 da Constituição da República, norma considerada a mais bonita produzida num texto fundante no século passado. Sem isso, o assassino silencioso continuará a fazer vítimas.
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.