José Renato Nalini
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As mudanças climáticas provocadas pela emissão dos venenosos gases causadores do efeito-estufa não pouparão ninguém. Se isso ainda não entrou na cabeça de todos, logo acontecerão fenômenos que assustarão o bicho-homem e o farão fazer alguma coisa. Pode ser que o “alguma coisa” já não seja suficiente para afastar os perigos. Por isso, o melhor seria, desde já, adotar uma conduta compatível e consequente com as ameaças que rondam a humanidade.
Há providências que fogem à alçada do homem comum. Por exemplo, a Saint-Gobain, que possui mais de sessenta fábricas no Brasil, vai substituir o gás natural que alimenta seus fornos por biometano, um gás livre de carbono. Com isso, reduzirá em 35% a emissão de gás carbônico. O biometano é produzido pela Gás Verde, uma empresa do grupo Urca Energia, que opera usinas em aterros sanitários e purifica o biogás produzido pelo lixo.
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Só que essa escala industrial está geralmente longe das possibilidades da cidadania. Isso não quer dizer que ela não possa colaborar para ao menos mitigar a situação de descalabro hoje reinante.
Por exemplo: usar menos água. Aquelas velhas receitas de não deixar torneira aberta enquanto escova os dentes. Tomar banhos mais rápidos. Evitar a “vassoura hidráulica”, ou o uso do esguicho para varrer calçadas, uso tão disseminado pelos funcionários dos condomínios edilícios.
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Mais ainda: coletar sementes e fazer mudas. Usar qualquer terreno baldio para plantar. Além de ajudar a natureza, isso faz bem para o corpo e para a alma. Exigir dos vereadores, dos deputados, dos senadores, mas também dos Prefeitos, Governadores e do Presidente da República, uma conduta consequente com o perigo climático.
O Brasil é a república dos discursos edificantes, das promessas vãs, do palavrório que não pode substituir uma ação urgente. Acabar com os lixões, ampliar as áreas verdes, protestar contra o desmatamento em todos os biomas, recuperar nascentes, limpar as margens dos cursos d’água, transformar a sua casa, a sua rua, o seu bairro, a sua cidade, num jardim acolhedor, isso está ao alcance de qualquer pessoa de boa vontade e dotada de consciência ecológica.
Talvez isso não baste para evitar a catástrofe derradeira. Mas ao menos garantirá a tranquilidade de consciência a quem fez algo, por mínimo que seja, para evitá-la.
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* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.
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