José Renato Nalini
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Esta época é a do reiterado “Feliz Natal” e “Boas Festas”. Mas não são todos os que emitem esses votos, que introjetam em sua consciência o que de fato significa o Natal.
Natal é a celebração do nascimento de Jesus Cristo. Para a cristandade, o Messias, o Salvador, o Redentor da Humanidade. O Filho de Deus que se encarnou, tomou a humana forma e se ofereceu em holocausto para redimir a humanidade pecadora.
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Até para os não-crentes e para os adeptos de outras confissões, não deixa de ser enternecedora a narrativa do nascimento de um pequenino judeu, filho de uma jovem e de um carpinteiro, que estavam fora de sua cidade no momento em que ele veio à luz.
Eram cumpridores da lei. Atendiam à ordem de um recenseamento que teria lugar em Belém. Saíram de Nazaré e foram a Belém. Não encontraram hospedagem. Cidade cheia, todos acorreram ao comando. Abrigaram-se numa estrebaria. E ali nasceu a criança. Cercada de feno e aquecida pela respiração de um burrinho e de um boi.
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Por isso a simbologia do presépio, que foi uma ideia de Francisco de Assis, o homem do milênio, para recordar a todos que o verdadeiro poder não precisa de pompas e circunstâncias. Basta-lhe a singeleza.
Que ensinamento para nós! Apegados ao consumismo, preocupados com exterioridades, com superficialidades, com o acessório, deixamos o essencial de lado. E o que é essencial?
Recordar-se do tempo exíguo que nos foi reservado para peregrinar por este sofrido planeta. Algumas décadas, não mais. O que fazemos delas? Empregamos no acidente, na externalidade fútil e vazia. Quando o importante seria fazer de nossa consciência um lugar agradável para receber o Menino que prometeu a salvação e a paz.
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Independentemente da crença, é tempo de encarar a crua realidade brasileira: uma nação que teria tudo para ser um Paraíso, converteu-se no purgatório dos infelizes. Dos famintos. Dos desempregados. Dos sem teto. Dos que ainda continuam a morrer por falta de assistência médica. Das crianças que não têm educação de qualidade, nem porvir digno de um ser humano.
Escutemos o chamado de nosso cérebro racional, que só pode ser sensível e indignado neste Natal de 2021. Façamos algo, ainda que diminuto, para reduzir a carga imensa de infelicidade que recai sobre nossos irmãos. Isso é celebrar o Natal! O Natal da esperança, o Natal de Jesus, o grande esquecido neste seu aniversário.
* José Renato Nalini, presidente da Academia Paulista de Letras
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