José Renato Nalini
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Acreditei, porque estamos no Brasil surreal, onde a contaminação do fanatismo é muito pior do que qualquer pandemia. Ainda assim, é chocante ouvir que é preferível morrer a perder a liberdade. A liberdade para recusar a vacina, que freou a mortandade estimulada por quem pregou aglomeração, disse que a Covid19 era “resfriadinho” e ofendeu a China, que atrasou a remessa de insumos essenciais à produção do imunizante.
Quem pensa assim não sabe o que é liberdade. Não existe liberdade para colocar em risco a vida alheia. A vacinação é a resposta da ciência para a peste. À medida que o percentual de vacinados aumenta, regride a curva nefasta das internações e das mortes. Quer resposta mais óbvia para os descrentes?
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O mais impressionante é que haja pessoas presumivelmente escolarizadas na tribo dos “contra-vacina”. Médicos, professores, intelectuais. O núcleo comum é serem ortodoxos da extrema direita, aquela mesma preconceituosa, discriminatória, insensível à miséria e à exclusão. Fazem o conhecido coro dos que preferem mortos os infratores, que pretendem a redução da maioridade penal, que pregam o acréscimo das sanções criminais.
Ousaria dizer que eles não têm liberdade para pensar e dialogar. Tudo está tão claro em suas cabecinhas, que o único temor que aparentam possuir é o de que o comunismo venha se instalar neste país próspero, democrata e promissor. A esquerda colocaria em risco a maravilha brasileira, com educação de qualidade e saúde para todos, onde não há desemprego, nem exclusão, nem falta de moradia.
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Por isso é que eles proclamam o bem supremo da liberdade para morrer. Antes morrer do que ser obrigado a imunizar-se.
Isso já ocorreu no Brasil com Oswaldo Cruz, jovem médico que teve contra si uma turba ululante, vociferante, quando ele pretendeu imunizar os brasileiros. Incrível que a história provou que ele tinha razão. Mas os libertários de araque não se detêm nesses pormenores. Continuam coléricos, acreditando numa grande conspiração internacional, ávida por entrar no Brasil e acabar com o nosso crescente progresso, nossa democracia perfeita, nosso Estado paradigmático. Haja paciência!
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