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Os mais citados dentre os economistas são John Maynard Keynes (1883-1946) e Friedrich August von Hayek (1889-1992). Para o primeiro, o Estado deveria ser o grande provedor de todas as necessidades. A estatização é o remédio certo, embora sempre amargo, para manter a civilização. O segundo acreditava na iniciativa privada e repudiava a intromissão excessiva do Estado na vida em sociedade.
Conviveram por longo período, até praticamente metade do século passado. Antagonistas em teoria, respeitavam-se como pensadores de sólida formação doutrinária. Eram tempos em que discordar não era pecado mortal, nem transformava em inimigo monstruoso aquele que não pensasse exatamente como nós.
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É óbvio que, por sobreviver quase meio século ao opositor, Hayek pode se debruçar com vantagem sobre a obra de Keynes. Este enxergava fragilidade no sistema capitalista, instável e sujeito a oscilações irracionais. Boatos, fake news, tendências exageradamente valorizadas obrigariam os indivíduos a pouparem, receosos do amanhã. E isso geraria recessão e desemprego. Por isso o Estado todo poderoso deveria investir pesadamente na economia e suprir a ineficiência do mercado.
Para Hayek, o governo deve se limitar às funções essenciais, não se imiscuindo naquilo que é próprio a cada indivíduo, a cada família, a cada grupo maior, todos integrantes de um contexto chamado sociedade.
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Sua postura remete ao princípio da subsidiariedade, hoje tão esquecido. Aquilo que cada um puder fazer por si é preferível à intromissão de entidades artificiais como o Estado. Não custa lembrar que, na formulação ideal – e hoje utópica – Estado é etapa transitória no decorrer de uma civilização ascendente em racionalidade. No momento em que a humanidade realmente se educar e compreender o quão efêmero e finito é o ser que se considera racional, inexistiria necessidade de equipamentos de controle como polícia, Justiça e qualquer outro instrumento liberado a usar de força e violência.
No momento em que se detecta a tendência de fortalecer a tentacular estrutura governamental, é interessante a leitura dos dois economistas. Por enquanto, a conclusão inafastável é a de que tudo o que o Estado faz é mais caro, mais burocrático, impregnado por aquele vírus contra o qual ainda não existe remédio: a corrupção, o conchavo, a falcatrua e a ladroagem.
* José Renato Nalini é Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.
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