José Renato Nalini
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Foto: REPRODUÇÃO
O Brasil tem mais descendentes de italianos, que podem também ser cidadãos italianos, do que a própria Itália. Isso se deveu a um contexto histórico em que, desde a primeira metade do século XIX, as inúmeras comunidades italianas – ducados, principados, reinos, repúblicas – passaram a se fundir e disso gerou a unificação.
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Coincidiu a miséria italiana com a abolição da escravatura. Líderes políticos ligados à política cafeeira estimularam a imigração de colonos para as fazendas e milhões de peninsulares chegaram ao país.
São Paulo, por exemplo, tem cerca de 40% de sua população vinculada à Itália. E há cidades brasileiras em que esse percentual é ainda maior.
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O que não se sabia é que os italianos – embora em número reduzido – estavam aqui desde o século XVI. Primeiro, é preciso uma advertência. A população nativa do Brasil é formada pelas etnias indígenas. Todos os demais, na verdade, são imigrantes. A maioria era portuguesa. Mas com Martim Afonso, em 1532, desembarcam em São Vicente quatro membros da família Adorno, genoveses. Um deles se casa com uma filha de Caramuru e outro constrói os primeiros engenhos de cana do país.
Na metade do mesmo século chega ao nordeste Felipe Cavalcanti, de Florença. Origem de uma família importante. Até se diz no nordeste: “quem não é Cavalcanti, é cavalgado”.
Depois da Independência, já no século XIX, chegam ao Brasil refugiados políticos como Giuseppe Garibaldi. Vive um período no Rio Grande do Sul, casa-se com a brasileira Anita e volta à Itália para lutar pela unificação. Líbero Badaró, médico e jornalista, viveu em São Paulo, onde foi assassinado e exclamou: “Morre um libertário, mas não morre a liberdade”.
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Sem falar que D. Carlota Joaquina, mãe de Pedro I, era filha da Princesa Maria Luiza de Parma, da Itália Central e que em 1843, chega ao Rio, já casada por procuração com Pedro II, a napolitana Teresa Cristina.
Brasil e Itália estão entranhados, portanto, há meio milênio. Isso explica esse amor que a maior parte dos brasileiros devota à terra de Dante, de Leonardo e de Michelangelo.
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.
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