José Renato Nalini
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Na tradição cristã, o dilúvio acabou com a raça perversa que se afastou da lei divina. Agora parece que novo ciclo se encerrará mediante combustão. Ou é mera coincidência que a Europa enfrente ondas de calor capazes de abreviar milhares de vidas e de colocar em polvorosa os milhões de habitantes do Velho Mundo?
O Secretário Geral da ONU, o português Antonio Guterres, reafirmou que o mundo tem uma escolha: ação coletiva ou suicídio coletivo. Está em nossas mãos. Idêntica a postura do secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial – OMM, Petteri Taalas. As ondas de calor serão cada vez mais frequentes e extremas. Que a situação do verão europeu sirva de advertência para todos os países.
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Junho de 2022 foi o mês mais quente já registrado pela Nasa, a agência espacial norte-americana. Na Inglaterra, onde apenas cinco por cento das residências dispõe de ar condicionado, a temperatura ultrapassou os quarenta graus centígrados. Na Espanha, um trem de passageiros que ia de Madri para a Galícia não pode continuar a viagem diante de incêndios que interrompiam a via férrea. Só na península ibérica, mais de mil pessoas morreram.
O Brasil também corre risco. Para lembrar os juristas que a ideia de soberania precisa ser revisitada. O aquecimento global atinge a todos, indistintamente. Antes dele, os eventos de seca extrema eram dois por década. Hoje são cinco por ano, o que inviabilizará a frágil agricultura tropical. Não haverá tempo hábil para a recuperação do solo.
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Na contramão do mundo, assumindo a condição de “pária ambiental”, o Brasil continua a desmatar de forma insana. Tanto assim, que foi um dos únicos países do planeta a aumentar a emissão de gases causadores do efeito estufa na fase da pandemia, pois vivemos uma situação trágica e, aparentemente, não nos damos conta. Por muito menos, uma população consciente e patriota estaria a cobrar os governantes pelos desmandos e pela omissão verdadeiramente delitiva. Aqui, estamos a um passo do abismo e mergulhamos nele com atitude leviana e debochada.
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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