José Renato Nalini

Fuga de talentos

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O Brasil não tem sabido aproveitar devidamente o seu profissional qualificado. Embora a Universidade brasileira se baseie na tríade ensino, pesquisa e extensão, os pesquisadores não têm as condições essenciais à realização de um trabalho fecundo e consistente. Por esse motivo, é normal que os mais promissores procurem Universidades em outros países. E lá chegando, ao constatar o prestígio conferido a quem realmente saiba pesquisar e tenha foco, é logo aproveitado o brasileiro que buscou paragens outras para concretizar seus sonhos.
 
Os estudantes que vão para o exterior em busca de uma qualificação mais aprimorada, raramente retornam ao Brasil. Esse fenômeno já era verificado em relação a países como o Canadá. Um Cônsul Geral do Canadá em São Paulo comentou comigo, há alguns anos, que os brasileiros que iam estudar lá não mais queriam voltar. 
 
Outra circunstância nova deveria preocupar os responsáveis pela pesquisa brasileira. Há algumas décadas, procurava-se o exterior para a pós-graduação. Hoje, o país estrangeiro é destino da própria graduação. É o que tem acontecido diante da incapacidade da educação brasileira oferecer oportunidades para formação profissional com demanda para o sofisticado mercado das tecnologias contemporâneas. 
 
Tais questões deveriam motivar as autoridades brasileiras a repensarem as reais necessidades do país. Por exemplo: é urgente reflorestar as áreas degradadas, que serviram para plantio de culturas que exaurem a terra, como a cana-de-açúcar, por exemplo. Em seguida, se transformam em pastos para a pecuária. Depois, são condenadas a se converter em deserto. 
 
Existem muitas áreas deterioradas que precisam ter a sua cobertura vegetal recomposta. Mas não temos técnicos capazes de realizar a tarefa. Muitas outras funções estão desguarnecidas, sem que o Brasil cuide de oferecer alternativa à mesmice na formação de bacharéis em direito, que depois permanecerão a exercer a mesma atividade anterior ao bacharelado. Porque o mercado de trabalho já está suficientemente provido de profissionais. Enquanto isso, as áreas realmente carentes de pessoal qualificado não têm cursos. Como se não houvesse um crescente número de profissões destinadas a desaparecer, diante da profunda mutação imposta pela Revolução Industrial tecnológica.
 
Enquanto o Brasil não acordar para oferecer à juventude opções de cursos profissionais que garantam sobrevivência digna e contínuo aprimoramento, com vistas à realização plena dos objetivos dos sonhadores, continuará a existir fuga de talentos. Para prejuízo nosso e de nosso futuro.

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